quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Sem eles - William Waack

O Estado de S. Paulo

Qual a capacidade de Bolsonaro e Lula de decidirem as eleições se não forem candidatos?

Mesmo antes do indiciamento de Jair Bolsonaro pela PF e das cirurgias recentes do presidente Lula, já era evidente que a rota para as próximas eleições presidenciais seria um cenário aberto. É para ele que se caminha. Bolsonaro mantém viva a esperança de que algo como um canetaço o tornaria elegível. Todos os operadores políticos, inclusive bolsonaristas, sabem que as chances são das mais remotas, para dizer o mínimo. Uma boa parte do que é a direita usa Bolsonaro como grife, até como franchising, perfeitamente consciente de que ele não será candidato.

Lula mantém-se na típica dubiedade de “estar pronto” para ser mais uma vez candidato, mas sem pronunciá-lo claramente. Todos os operadores políticos, inclusive dentro do PT, sabem que a saúde do presidente, a avançada idade e, especialmente, seu evidente cansaço são obstáculos portentosos a uma candidatura, para dizer o mínimo.

Não se deve subestimar o peso político de cada desses personagens, mas não se pode superestimar a capacidade deles de decidir eleições estando do lado de fora do alambrado. Ironicamente, os dois enfrentam neste momento um dilema idêntico: se não sou eu o candidato, quem será então o meu candidato?

Há casos na América do Sul de líderes populistas que criaram “dinastias” políticas capazes de permanecer muito tempo no poder (Perón é o melhor exemplo). Não parece ser o caso de Lula e o PT. E nem de Bolsonaro.

O nome “natural” para o petismo escalar no lugar de Lula já foi ensaiado uma vez e há evidências de que Fernando Haddad se prestaria de novo a esse papel – a grande incógnita é qual seria lá na frente a percepção do eleitorado quanto à política econômica do governo. Por enquanto não há grandes perspectivas.

A direita dispõe de vários nomes de governadores em ascensão política, mas esse é um problema. Um movimento importante que passa por chefões dos quatro grandes partidos de centro no Congresso enxerga Bolsonaro ao mesmo tempo como trunfo e estorvo na luta eleitoral. Afirmam que é muito difícil trabalhar com ele e, ao mesmo tempo, muito difícil ganhar uma eleição contra o PT (e a máquina pública) sem ele. É enorme o risco de se cair numa situação de liderança difusa, permeada de egos políticos em combate.

Há algumas alterações no comportamento do eleitorado indicando que fórmulas velhas da esquerda não funcionam mais automaticamente. Ao mesmo tempo, o fenômeno de figuras disruptivas “de direita” alcança uma projeção que lembra a de Bolsonaro em 2018, mas se consomem em si mesmas e não atingem a abrangência para carregar consigo o centro do eleitorado. É esse centro que está em aberto.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Está um cheiro estranho no ar, A internação em São Paulo desnecessária num caso grave, que poderia ter sido resolvido da mesma forma em Brasília no Sírio libanês do DF, isso já gerou mais dúvidas e especulações
A foto mostrada do Lula no hospital não é ele , Porque a pessoa que está lá não sofreu cirurgia reparadora de pálpebras como o presidente fez
Está tudo muito estranho Estou lembrando o Tancredo Neves que praticamente morto tiraram uma foto dele ao lado da equipe médica sentado , é lógico que era montagem , mas no dia seguinte anunciaram que ele teria morrido

Anônimo disse...

"Bolsonaro como grife" - prefiro andar maltrapilho ou pelado...

Anônimo disse...

Só mais 72 horas e os kids pretos invadirão o hospital e envenená-lo-ão livrando a Nação dos comunistas de uma vez por todas!