O Globo
Donald Trump ainda não tomou posse, mas já
transformou o mundo num lugar mais perigoso. O republicano vai assumir o poder
com planos expansionistas. Quer anexar o Canadá, encampar a Groenlândia, tomar
o Canal do Panamá.
O presidente eleito dos EUA expôs suas
ambições na campanha à Casa Branca. Nesta terça, avisou que pode usar as Forças
Armadas para concretizá-las. Em dez dias, ele voltará a comandar o maior
arsenal militar do planeta.
Trump disse que a tomada da Groenlândia, território autônomo da Dinamarca, seria uma “necessidade absoluta” dos americanos. Afirmou que o controle do canal panamenho seria “vital” para seu país. As declarações ecoam a ideia de Lebensraum, que teve consequências funestas no século 20.
O conceito de “espaço vital” foi cunhado por
Friedrich Ratzel. O geógrafo alemão considerava que grandes potências
precisavam ampliar suas fronteiras, mesmo que para isso fosse necessário
subjugar outras nações soberanas.
Após a morte do teórico, a tese foi abraçada
pelos nazistas. Eles anexaram a Áustria, tomaram um naco da Tchecoslováquia e
iniciaram uma marcha para o leste, a pretexto de garantir mais terras para o
povo germânico.
Ainda é cedo para dizer se estamos nesse
caminho, mas Trump parece ser movido pela mesma pulsão destrutiva. Depois de
disparar as declarações bélicas, ele foi às redes sociais e publicou um mapa em
que a bandeira americana encobria todo o território do Canadá.
“Você se livra da linha traçada
artificialmente e observa como ela fica”, debochou, referindo-se à fronteira
entre os dois países. O magnata defendeu rebaixar a nação vizinha, independente
desde 1867, à condição de 51º estado dos EUA.
Trump já deixou claro que despreza a
democracia e as instituições americanas. Não teria impedimentos para pisotear a
soberania e a integridade territorial de outros países, ainda que sejam aliados
históricos de Washington.
Embora o republicano seja um falastrão,
convém atentar ao que ele diz. No século passado, líderes europeus subestimaram
as ameaças de outro populista de ultradireita. Acreditaram que suas provocações
e ataques racistas e xenofóbicos não passavam de bravatas. Em 1939, ele invadiu
a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário