Folha de S. Paulo
Os americanos que amamos não são os EUA. Os
EUA são pessoas que não conhecemos e que votam em Trump
Na virada de 1999, vários órgãos nos EUA foram convidados a listar os americanos mais admirados, influentes ou importantes do século 20. Saíram centenas de nomes, famosos ou nem tanto, todos dignos de admiração. Mas houve unanimidades, pessoas sobre as quais não restava a menor dúvida, representantes do que de melhor o povo americano poderia produzir. Eis algumas.
São pessoas que nos acostumamos a amar e a
identificar com os EUA, e nos fazem perguntar como um país que produziu gente
dessa qualidade pode ser tão cruel em política externa, primitivo em relações
raciais e dado a metralhar inocentes em escolas. Como se explica? A resposta é:
talvez eles não sejam os EUA. Mas, se eles não são, quem será? Uma amiga que,
em jovem, morou durante um ano com uma família do Idaho, num programa de
intercâmbio, me forneceu a descrição.
Os EUA são exatamente esse homem do Idaho, 40 anos, branco, casado com mulher
"do lar", quatro filhos, casa própria, três carros. Planta, compra ou
vende batatas, que é o negócio da região. Sai para caçar no sábado e vai com a
família à igreja aos domingos. Não lê nada, só vê esportes na TV e às vezes
toma cerveja com os amigos. Admite negros ou latinos, mas só na sua lavoura.
Nunca saiu do Idaho, exceto para os vizinhos Utah e Wyoming. Não tem a menor
ideia de que seu voto para presidente pode afetar o equilíbrio do mundo.
Vota em Donald Trump.
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