quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Centrão esnoba Flávio. Por Vera Rosa

O Estado de S. Paulo

Kassab procura Ratinho Jr., Ciro não vê chance em nome bolsonarista e Tarcísio dá apoio tímido

Desde que lançou sua candidatura ao Palácio do Planalto, na sexta-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL) só colheu desconfianças. O movimento serviu para unir o Centrão contra sua entrada no páreo como o principal desafiante do presidente Lula. Mas não foi só isso: o grupo também ampliou a procura de nomes para a disputa de 2026.

A aparente unidade do Centrão não significa que o consórcio de partidos lançará apenas um concorrente ao Planalto. Um personagem de bastidor, no entanto, deve ser observado com lupa nessa história: o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas, Kassab não foi anteontem ao jantar oferecido por Flávio Bolsonaro a dirigentes do Centrão. Marcos Pereira, que comanda o Republicanos, partido de Tarcísio, também não apareceu por lá.

Há no mundo político uma máxima segundo a qual Kassab não dá ponto sem nó: se ele pular da janela, seu interlocutor também pode saltar – de olhos vendados – porque uma rede de proteção o aguardará embaixo.

Exageros à parte, a ausência dos presidentes do PSD e do Republicanos na conversa com Flávio chamou a atenção. Quando era senador pelo PFL, o polêmico Antônio Carlos Magalhães (ACM) se saiu com essa: “Jantar ao qual eu não vou, não vale”.

Kassab já havia conversado, no fim de semana, com o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD). O filho do apresentador de TV Ratinho tem interesse na disputa ao Planalto.

Presidente do PP, Ciro Nogueira foi ao encontro de Flávio, acompanhado de Antônio Rueda, que dirige o União Brasil. Horas antes, porém, Ciro estava em Curitiba. Sem produto competitivo para exibir na prateleira dos presidenciáveis, ele também flerta com Ratinho Jr. para o confronto com Lula.

Ciro não vê chance na empreitada de Flávio. Ex-ministro da Casa Civil sob Jair Bolsonaro – hoje preso por tentativa de golpe –, o senador sempre defendeu Tarcísio no jogo.

No papel de candidato a novo mandato, o governador de São Paulo demorou a se manifestar, mas disse que Flávio pode contar com ele. Foi uma declaração protocolar, para demonstrar lealdade a Bolsonaro.

Flávio, por sua vez, promete vestir o figurino de um Bolsonaro light. Tanto que fez um malabarismo retórico para recuar da declaração de que tinha um preço para desistir da corrida ao Planalto: a anistia do pai.

Lula e o PT, na outra ponta, avaliam que a candidatura de Flávio não passa de um “bode” na sala. Tudo indica que o senador negociou mesmo a redução de pena a Bolsonaro como condição para dar um passo atrás. Se esse leilão dará ou não resultado, no entanto, só o tempo dirá.

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