Por Andrea Jubé e Sofia Aguiar / Valor Econômico
Edinho Silva afirma que filho de ex-presidente errou 'timing' e diz que o PT não vai tirar o foco do governador Tarcísio de Freitas
O presidente nacional do PT, Edinho Silva, afirmou na
terça-feira (9) que a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à
Presidência da República não pode ser levada à sério, e ainda ironizou que o
potencial adversário na sucessão presidencial errou o “timing” ao já colocá-la
em negociação. Edinho afirmou que o PT não vai tirar o foco do governador de
São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos), elogiou o presidente do Banco
Central (BC), Gabriel
Galípolo, e disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) estará
no papel que desejar em 2026.
“Eu tenho 40 anos de militância política e nunca vi isso na minha vida”, disse Edinho, ao comentar os recentes movimentos de Flávio. Na sexta-feira (5), o primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou que obteve o apoio do pai para se lançar candidato ao Palácio do Planalto. No domingo (7), contudo, disse que tinha um preço para retirar a postulação. Depois, Flávio afirmou que sua candidatura é “irreversível”.
“Então, não dá para levar a sério”, disse
Edinho. O ex-prefeito de Araraquara (SP) avalia que todos os movimentos de
Flávio foram precipitados. “Eu acho que é muito cedo, porque muita coisa vai
acontecer até maio do ano que vem”, observou, em relação ao momento em que as
chapas serão definidas. “Por isso que a gente tem que estar mais preocupado em
mostrar as entregas do governo do presidente Lula, comparar o Brasil que nós
pegamos com o Brasil que nós temos hoje”, prosseguiu.
Elogios a Galípolo e Alckmin
Em outro momento, Edinho elogiou Galípolo, a
despeito da cobrança de petistas, de empresários e do setor produtivo para
início da redução dos juros, em meio ao recuo da inflação.
“Tenho muita confiança no Galípolo, no
sentido de combate à inflação, eu acho que ele tem alcançado resultados
importantes”, alegou. O presidente do PT, porém, admitiu que há opiniões
divergentes no partido. “Nós temos uma posição majoritária que foi aprovada na
última resolução (de 8 de dezembro) que reafirma a necessidade de nós entrarmos
no ciclo de redução das taxas de juros, isso é consenso”, destacou. Como
mostrou o Valor,
é uma expectativa praticamente unânime do mercado de que o colegiado manterá a
Selic parada em 15% nesta semana.
Na mesma entrevista, Edinho afirmou que se
Alckmin quiser continuar no cargo de vice de Lula em 2026, a chapa se manterá.
Antes, apresentou o vice e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como
potenciais candidatos ao governo de São Paulo. “Vai depender de qual papel que
ele [Alckmin] vai querer cumprir”, adiantou.
Edinho disse ainda que o PT terá candidato a
governador em São Paulo. Segundo ele, isso deve ser definido em maio do ano que
vem. Já de olho nos outros Estados, o dirigente reafirmou que a sigla apoiará o
prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo
Paes (PSD), ao governo fluminense. Ele ponderou que houve
algumas declarações “um pouco fora do lugar” de Paes, mas garantiu que
“absolutamente nada” abalará a confiança com o prefeito.
Apesar da definição no Rio, o candidato do PT
de Minas Gerais ainda está em aberto. Lula tentou emplacar o senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao
cargo, mas a crise deflagrada com a indicação do ministro da Advocacia-Geral da
União (AGU), Jorge Messias,
ao Supremo Tribunal Federal (STF), enterrou a articulação.
“Nós estamos dialogando, conversando com as
lideranças de Minas para construir um uma boa tática eleitoral. E nós vamos
construir um palanque forte em Minas. Eu não tenho nenhuma dúvida disso”,
comentou.
Dentre os nomes cotados para o cargo, Edinho
citou a prefeita de Juiz de Fora, Margarida
Salomão (PT), a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), e o
presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Martins Leite (MDB). Já
para o Senado, o candidato deve ser o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, filiado ao
PSD.

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