Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Como é perfeitamente natural e se repete a cada eleição, uma vez divulgados os resultados, as rodas de conversa fiada de candidatos vencedores ou derrotados, de parlamentares e de toda a miuçalha que cata vantagens à sombra do poder, gastam o tempo vadio na interminável análise e especulação sobre as mudanças no cenário e as projeções sobre o futuro próximo e o mais remoto, até onde a imaginação alcance.
Não se pode dizer que é tempo perdido por quem não acha nada de útil para fazer. O que ainda cutuca a curiosidade é a ênfase da voz impostada para os círculos em torno de coisa nenhuma.
Os jornais de ontem, como certamente os de hoje, os noticiários das redes de televisão insistirão em abrir colunas para o realejo do óbvio. Pior para o óbvio do interesse de cada um.
Francamente, não é preciso ser um analista de refinada sabedoria, um poço sem fundo da experiência de décadas de militância para recolher na beira da praia as conchas de evidências como a ascensão do governador de São Paulo, José Serra, como candidato natural das oposições – se unidas pela prioridade de ganhar a eleição para depois se engalfinhar pela divisão do bolo.
E na mesma batida da mediocridade, colocar quase no mesmo degrau do pódio o governador Aécio Neves, que deu um nó no azar e elegeu o prefeito de Belo Horizonte.
Saltita a dúvida que continua atormentando o coração dos donos do PMDB, o maior partido do país, a legenda mais votada, com a maior bancada nas duas Casas do Congresso e como que engessada pela acomodação na mediocridade deve seguir na sina de contentar-se com os nacos suculentos e as sobras do poder?
Nunca se sabe se, falando sério ou apenas blefando para melhorar o butim, as lideranças de sempre falando grosso, pretendem bater chapa e eleger os presidentes da Câmara e do Senado.
É ver para crer.
Do lado do governo, há pouco a comemorar. O PT cresceu para baixo, elegendo prefeitos em seis capitais e em 558 municípios. Mas, a derrota da sexóloga Marta Suplicy, com a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM) para a capital de São Paulo, é uma bota de chumbo que a ministra-candidata Dilma Rousseff terá que arrastar, daqui a dois anos, na campanha para a sucessão do presidente Lula, ao fim do seu reinado de oito anos, com longínqua chance de mais um ou dois mandatos em 2014 ou 2018.
Mas, é aqui no Rio que os primeiros acenos depois da apertada eleição de Eduardo Paes, o prefeito eleito por uma coligação em que se dissolve a legenda, salpicam advertências no cenário de verdes esperanças.
O cacoete de tentar escalonar prioridades para os desafios de uma ex-capital do país, abandonada à decadência de todos os serviços públicos, que inchou como uma desenganada doente de obesidade mórbida, precisa ser denunciado, com o grito que desperte a reação do eleitor, antes que seu voto se perca mais uma vez.
Claro, que para onde se volte os olhos, as chagas estão à vista: na saúde pública, na rede escolar, na segurança, no transporte, em qualquer das centenas de favelas.
E o Rio é o retrato ampliado de praticamente todos os municípios fluminenses. Como de quase todos os Estados, com as exceções conhecidas.
Ainda há tempo de salvar o Rio? Não arrisco um palpite. O que é evidente é que é indispensável tentar. Durante décadas, que são segundos na vida de uma cidade, assistimos de olhos fechados às favelas serem dominadas pelo tráfico de drogas e invadidas pela maior migração interna do século.
Tudo ao ritmo da mais descarada demagogia. E é desesperante o risco de mais uma frustração, que arranha a porta de tábuas rachadas e fechadura sem chave.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
Como é perfeitamente natural e se repete a cada eleição, uma vez divulgados os resultados, as rodas de conversa fiada de candidatos vencedores ou derrotados, de parlamentares e de toda a miuçalha que cata vantagens à sombra do poder, gastam o tempo vadio na interminável análise e especulação sobre as mudanças no cenário e as projeções sobre o futuro próximo e o mais remoto, até onde a imaginação alcance.
Não se pode dizer que é tempo perdido por quem não acha nada de útil para fazer. O que ainda cutuca a curiosidade é a ênfase da voz impostada para os círculos em torno de coisa nenhuma.
Os jornais de ontem, como certamente os de hoje, os noticiários das redes de televisão insistirão em abrir colunas para o realejo do óbvio. Pior para o óbvio do interesse de cada um.
Francamente, não é preciso ser um analista de refinada sabedoria, um poço sem fundo da experiência de décadas de militância para recolher na beira da praia as conchas de evidências como a ascensão do governador de São Paulo, José Serra, como candidato natural das oposições – se unidas pela prioridade de ganhar a eleição para depois se engalfinhar pela divisão do bolo.
E na mesma batida da mediocridade, colocar quase no mesmo degrau do pódio o governador Aécio Neves, que deu um nó no azar e elegeu o prefeito de Belo Horizonte.
Saltita a dúvida que continua atormentando o coração dos donos do PMDB, o maior partido do país, a legenda mais votada, com a maior bancada nas duas Casas do Congresso e como que engessada pela acomodação na mediocridade deve seguir na sina de contentar-se com os nacos suculentos e as sobras do poder?
Nunca se sabe se, falando sério ou apenas blefando para melhorar o butim, as lideranças de sempre falando grosso, pretendem bater chapa e eleger os presidentes da Câmara e do Senado.
É ver para crer.
Do lado do governo, há pouco a comemorar. O PT cresceu para baixo, elegendo prefeitos em seis capitais e em 558 municípios. Mas, a derrota da sexóloga Marta Suplicy, com a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM) para a capital de São Paulo, é uma bota de chumbo que a ministra-candidata Dilma Rousseff terá que arrastar, daqui a dois anos, na campanha para a sucessão do presidente Lula, ao fim do seu reinado de oito anos, com longínqua chance de mais um ou dois mandatos em 2014 ou 2018.
Mas, é aqui no Rio que os primeiros acenos depois da apertada eleição de Eduardo Paes, o prefeito eleito por uma coligação em que se dissolve a legenda, salpicam advertências no cenário de verdes esperanças.
O cacoete de tentar escalonar prioridades para os desafios de uma ex-capital do país, abandonada à decadência de todos os serviços públicos, que inchou como uma desenganada doente de obesidade mórbida, precisa ser denunciado, com o grito que desperte a reação do eleitor, antes que seu voto se perca mais uma vez.
Claro, que para onde se volte os olhos, as chagas estão à vista: na saúde pública, na rede escolar, na segurança, no transporte, em qualquer das centenas de favelas.
E o Rio é o retrato ampliado de praticamente todos os municípios fluminenses. Como de quase todos os Estados, com as exceções conhecidas.
Ainda há tempo de salvar o Rio? Não arrisco um palpite. O que é evidente é que é indispensável tentar. Durante décadas, que são segundos na vida de uma cidade, assistimos de olhos fechados às favelas serem dominadas pelo tráfico de drogas e invadidas pela maior migração interna do século.
Tudo ao ritmo da mais descarada demagogia. E é desesperante o risco de mais uma frustração, que arranha a porta de tábuas rachadas e fechadura sem chave.
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