SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está certo quando diz, como o fez em recente entrevista, que não haverá "trogloditas" na disputa presidencial de 2010. É claro que o conceito de "troglodita" varia de pessoa para pessoa. Há muita gente preconceituosa que acha o próprio Lula um troglodita incorrigível.
Do meu ponto de vista, o último troglodita que se apresentou a uma eleição presidencial foi Fernando Collor de Mello, em 1989. De lá para cá, pode ter havido candidatos rotulados de radicais, mas eu não confundo uma coisa e outra. Acho até que radicais são necessários, se a palavra for tomada pelo que significa e não pelo peso político que a ela passou a se atribuir.
Ir à raiz das questões (ser radical portanto) não só é necessário como é saudável, mais ainda em um país como o Brasil que prefere contornar o toco em vez de atacá-lo.
Ou, na melhor das hipóteses, encara os problemas devagar demais, o que tende a perpetuá-los e eventualmente agravá-los. Tome-se o caso da educação. Nos dois governos mais recentes, avançou-se claramente tanto em matéria de universalização como em aperfeiçoamento dos processos de avaliação, passando ainda por maiores possibilidades de acesso dos mais pobres à universidade.
Basta? Não, diria um radical. O problema da qualidade continua proporcionando ao Brasil vexame internacional atrás de vexame internacional, sempre que o país participa de provas globais.
É difícil resolver o problema ou avançar ainda que seja um pouco?
Claro que é. Mas é para isso que servem os radicais. Ou para pôr na agenda da próxima campanha eleitoral a necessidade de uma revolução (outra palavra radical) na educação ou, no mínimo, para forçar os não radicais, que são os que têm mais chances eleitorais, a serem um pouquinho menos mansos.
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