Luiza Damé e Maria Lima, BRASÍLIA
DEU EM O GLOBO
A três dias do fim do prazo de filiação partidária para quem pretende disputar eleições em 2010, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, entraram para o PMDB e o PT, respectivamente, e vão continuar nos cargos até março do ano que vem. Com isso, agora são 31 dos 37 ministros do governo Lula filiados a partidos, sendo que pelo menos 18 deles já decidiram concorrer em 2010. O PT, que controla 17 ministérios, tem nove prováveis candidatos, incluindo Dilma Rousseff (Casa Civil), que deverá disputar a Presidência da República, e até Tarso Genro (Justiça), que continua no cargo apesar de já ter se lançado ao governo gaúcho. A filiação do chanceler Amorim, um funcionário de carreira no Itamaraty, surpreendeu e foi duramente criticada pela oposição. E, no caso de Meirelles, seria a primeira vez que um presidente do BC se filia a um partido, no cargo, para disputar eleições. Para analistas políticos, a participação direta de ministros no processo eleitoral antecipado prejudica a gestão pública.
Ministério sobe no palanque
Dos 37 ministros de Lula, 31 estão filiados a partidos, incluindo presidente do BC e chanceler
Com as filiações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao PMDB, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao PT, somente seis dos 37 ministros do governo Lula, no exercício do cargo, não têm vínculo partidário formal. Os demais 31 são filiados a partidos políticos e, no próximo ano, estarão no palanque eleitoral como candidatos ou cabos eleitorais dos aliados.
Até agora, pelo menos 18 ministros deverão concorrer em 2010, desfalcando o governo a partir de abril. A tendência é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preencha a maioria das vagas com secretários-executivos dos ministérios, como fez em 2006.
O PT, que controla 17 ministérios, também tem o maior número de prováveis candidatos — nove —, incluindo a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata a presidente. O PMDB tem cinco ministros-candidatos; PCdoB, PR, PDT e PSB têm um cada. São seis possíveis candidatos a governador. Na última segunda-feira, durante a posse do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o próprio Lula defendeu o loteamento de cargos públicos entre as siglas aliadas. E disse que ninguém leva para o governo os inimigos, deixando de fora os amigos. Os ministros que são candidatos têm usado os dias próximos dos fim de semana para ter agendas políticas e eventos de campanha em seus estados.
Amorim assinou a ficha de filiação ao PT anteontem.
O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), cuidou de mandá-la para registro no cartório eleitoral de Teresópolis, domicílio eleitoral do ministro. Amorim era filiado ao PMDB há muitos anos, mas não tinha militância partidária. O chanceler tem uma atuação política no governo, adotando as teses do PT ao lado de Lula, mas não disse ainda se é candidato.
— Temos orgulho e honra da filiação do ministro Amorim, mas não tem projeto eleitoral — disse Berzoini, sem descartar, no entanto, uma candidatura do ministro e enumerando fatores que o credenciariam a disputar a eleição: — Ele foi chanceler de dois governos, tem um grande compromisso com a causa pública, mas decidiu se filiar ao PT para manifestar identidade com o partido.
No caso de Meirelles, seria a primeira vez que um presidente do BC, no cargo, se filia a um partido para disputar eleições. Ele só deverá deixar o posto em março do ano que vem.
Oposição critica filiação de Amorim
Líderes da oposição criticaram a filiação de Amorim ao PT.
— O Amorim só cumpriu uma formalidade, já era petista disfarçado e agora, pelo menos, assumiu.
Ninguém pode esquecer que ele é o autor da expressão “nosso guia” para Lula. Foi só uma formalização do petismo — comentou o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN).
— A convivência com o PT explica esse desastre que foi a atuação do ministro Amorim em Honduras. Toda a sua formação, a diplomacia, sua trajetória e toda a sua lucidez agora serão ofuscados pela opção partidária — completou o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).
Berzoini e o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo, minimizaram o fato de 31 dos 37 ministros de Lula serem filiados a partidos políticos.
— Desde o começo do governo, a maioria dos ministros tem filiação partidária. No caso do PT, a maioria é da cota do presidente. O partido indicou sete, o que não significa que os demais não tenham o nosso respaldo — disse Berzoini.
Para Cardozo, nem mesmo o número de ministroscandidatos trará prejuízo ao desempenho do governo.
— Quem for candidato terá de sair no prazo legal, e o presidente tem nomes suficientes para compor a equipe — afirmou.
Para o senador tucano Álvaro Dias (PR), o grande número de ministros candidatos ou filiados a partidos políticos pode significar um risco de abuso da máquina pública na campanha do ano que vem.
— Isso é um fato inédito na história política do Brasil republicano. Nunca houve tantas candidaturas no primeiro escalão. Coincidência ou não, dados do Siafi mostram um direcionamento na celebração de convênios e na liberação de recursos para os estados de origem dos ministros hoje pré-candidatos — afirmou Dias.
Os ministros que pretendem disputar as eleições do ano que vem terão que deixar seus cargos no início de abril, prazo de desincompatibilização fixado pela Justiça Eleitoral.
DEU EM O GLOBO
A três dias do fim do prazo de filiação partidária para quem pretende disputar eleições em 2010, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, entraram para o PMDB e o PT, respectivamente, e vão continuar nos cargos até março do ano que vem. Com isso, agora são 31 dos 37 ministros do governo Lula filiados a partidos, sendo que pelo menos 18 deles já decidiram concorrer em 2010. O PT, que controla 17 ministérios, tem nove prováveis candidatos, incluindo Dilma Rousseff (Casa Civil), que deverá disputar a Presidência da República, e até Tarso Genro (Justiça), que continua no cargo apesar de já ter se lançado ao governo gaúcho. A filiação do chanceler Amorim, um funcionário de carreira no Itamaraty, surpreendeu e foi duramente criticada pela oposição. E, no caso de Meirelles, seria a primeira vez que um presidente do BC se filia a um partido, no cargo, para disputar eleições. Para analistas políticos, a participação direta de ministros no processo eleitoral antecipado prejudica a gestão pública.
Ministério sobe no palanque
Dos 37 ministros de Lula, 31 estão filiados a partidos, incluindo presidente do BC e chanceler
Com as filiações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao PMDB, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao PT, somente seis dos 37 ministros do governo Lula, no exercício do cargo, não têm vínculo partidário formal. Os demais 31 são filiados a partidos políticos e, no próximo ano, estarão no palanque eleitoral como candidatos ou cabos eleitorais dos aliados.
Até agora, pelo menos 18 ministros deverão concorrer em 2010, desfalcando o governo a partir de abril. A tendência é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preencha a maioria das vagas com secretários-executivos dos ministérios, como fez em 2006.
O PT, que controla 17 ministérios, também tem o maior número de prováveis candidatos — nove —, incluindo a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata a presidente. O PMDB tem cinco ministros-candidatos; PCdoB, PR, PDT e PSB têm um cada. São seis possíveis candidatos a governador. Na última segunda-feira, durante a posse do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o próprio Lula defendeu o loteamento de cargos públicos entre as siglas aliadas. E disse que ninguém leva para o governo os inimigos, deixando de fora os amigos. Os ministros que são candidatos têm usado os dias próximos dos fim de semana para ter agendas políticas e eventos de campanha em seus estados.
Amorim assinou a ficha de filiação ao PT anteontem.
O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), cuidou de mandá-la para registro no cartório eleitoral de Teresópolis, domicílio eleitoral do ministro. Amorim era filiado ao PMDB há muitos anos, mas não tinha militância partidária. O chanceler tem uma atuação política no governo, adotando as teses do PT ao lado de Lula, mas não disse ainda se é candidato.
— Temos orgulho e honra da filiação do ministro Amorim, mas não tem projeto eleitoral — disse Berzoini, sem descartar, no entanto, uma candidatura do ministro e enumerando fatores que o credenciariam a disputar a eleição: — Ele foi chanceler de dois governos, tem um grande compromisso com a causa pública, mas decidiu se filiar ao PT para manifestar identidade com o partido.
No caso de Meirelles, seria a primeira vez que um presidente do BC, no cargo, se filia a um partido para disputar eleições. Ele só deverá deixar o posto em março do ano que vem.
Oposição critica filiação de Amorim
Líderes da oposição criticaram a filiação de Amorim ao PT.
— O Amorim só cumpriu uma formalidade, já era petista disfarçado e agora, pelo menos, assumiu.
Ninguém pode esquecer que ele é o autor da expressão “nosso guia” para Lula. Foi só uma formalização do petismo — comentou o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN).
— A convivência com o PT explica esse desastre que foi a atuação do ministro Amorim em Honduras. Toda a sua formação, a diplomacia, sua trajetória e toda a sua lucidez agora serão ofuscados pela opção partidária — completou o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).
Berzoini e o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo, minimizaram o fato de 31 dos 37 ministros de Lula serem filiados a partidos políticos.
— Desde o começo do governo, a maioria dos ministros tem filiação partidária. No caso do PT, a maioria é da cota do presidente. O partido indicou sete, o que não significa que os demais não tenham o nosso respaldo — disse Berzoini.
Para Cardozo, nem mesmo o número de ministroscandidatos trará prejuízo ao desempenho do governo.
— Quem for candidato terá de sair no prazo legal, e o presidente tem nomes suficientes para compor a equipe — afirmou.
Para o senador tucano Álvaro Dias (PR), o grande número de ministros candidatos ou filiados a partidos políticos pode significar um risco de abuso da máquina pública na campanha do ano que vem.
— Isso é um fato inédito na história política do Brasil republicano. Nunca houve tantas candidaturas no primeiro escalão. Coincidência ou não, dados do Siafi mostram um direcionamento na celebração de convênios e na liberação de recursos para os estados de origem dos ministros hoje pré-candidatos — afirmou Dias.
Os ministros que pretendem disputar as eleições do ano que vem terão que deixar seus cargos no início de abril, prazo de desincompatibilização fixado pela Justiça Eleitoral.
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