Ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. Ministro do STF nomeado por FHC. Ministro da Defesa de Lula e de Dilma Rousseff. Com a toga ou em trajes militares, Nelson Jobim já vestiu vários uniformes de trabalho.
E, como o PMDB, seu partido, já serviu a vários senhores no poder. Nisso se confunde com a maioria de políticos e partidos brasileiros, sempre atrelados ao Estado, pouco importa quem esteja na cabeça. Mas os políticos, em sua maioria, são répteis. Jobim é um anfíbio. A turba do PMDB rasteja e morde. Ele é capaz de pular e soltar veneno.
Não é, de fato, qualquer ministro de Dilma que pode ir à homenagem a FHC no Congresso e dizer: "O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia, e nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas". No PT, muitos Eremildos entenderam que o recado lhes dizia respeito. Jobim ontem explicou que estava se referindo aos idiotas dos jornalistas.
Mas é improvável que não pensasse em Dilma quando disse, no discurso, "nunca o presidente levantou a voz para ninguém" ou "se estou aqui, foi por tua causa". O que era isso, se não uma queixa velada contra quem serve na forma de um elogio explícito a quem serviu?
É curioso que essa manifestação ocorra no momento em que a própria Dilma reconhece o legado de FHC, contrariando boa parte do PT.
Mas o PT, de resto, não precisaria da carta elogiosa ao tucano para exibir sua insatisfação em relação a Dilma. Sem Lula, contra quem ninguém se atrevia, a sigla vem se comportando como um aliado a mais -réptil entre répteis- , não como "o partido" da presidente.
Isso ficou claro novamente nesta semana, quando Candido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, disse, em público, em relação ao prazo de validade das emendas parlamentares: "Se não prorrogar, não tenho como controlar a base". Em português, isso se chama chantagem. Ou será a imaginação fértil do idiota do colunista?
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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