Dilma encontra um quadro mais delicado que da última visita sua ao Estado: um PT ainda mais esfacelado e o governador como "aliado crítico", que não lhe poupa críticas
Bruna Serra
O cenário que aguarda a presidente Dilma Rousseff (PT) quando ela desembarcar em solo pernambucano, na próxima segunda-feira (25), promete ser a síntese do constrangimento. De um lado, um potencial adversário na sucessão e uma relação trôpega com o aliado PSB. De outro, um partido dizimado, recém-saído de uma derrota eleitoral histórica e pautado, seis meses após a eleição, por divergências internas sem fim.
Basta lembrar as queixas de abandono protagonizadas recentemente pelo prefeito de Serra Talhada, o petista Luciano Duque, que será um dos anfitriões da presidente na sua primeira agenda no Estado. O PT pernambucano ainda não conseguiu traçar as metas para se reerguer e receberá a presidente em um momento crucial, em que aliados e adversários começam a tentar viabilizar alternativas de poder.
Preocupação? Não é o que esboça o presidente estadual do partido, deputado federal Pedro Eugênio (PT). Questionado sobre os integrantes que irão compor o palanque presidencial, o parlamentar foi ríspido: "Isso é com o cerimonial da Presidência!", reagiu. No último encontro dos petistas, em Boa Viagem, no início deste mês, houve troca de tapas porque a composição da mesa não contemplou o ex-prefeito João da Costa.
O próprio Pedro Eugênio alerta para a possibilidade de não estar presente ao evento. "Todos os presidentes de partido no Nordeste foram convocados a São Paulo para uma reunião. Ainda não sei como vou proceder, porque essa reunião já está agendada faz tempo", titubeia Eugênio.
Além da crise entre as tendências pelo comando da legenda, outro dilema vem tomando conta do cenário estadual. Alguns defendem a permanência do PT na base do governador Eduardo Campos, caso do secretário estadual de Transportes, Isaltino Nascimento, e do ex-prefeito João da Costa. A parcela liderada pelo senador Humberto Costa e pelo deputado federal João Paulo tentam arrancar a legenda da base do governador e do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), que acomodou apenas Eduardo Granja - petista que coordenou a campanha de João da Costa nas prévias.
Até o momento, apenas Humberto Costa e João Paulo confirmaram presença nos dois eventos. O ex-prefeito João da Costa ainda não confirmou participação em virtude de seus exames renais de revisão agendados para a segunda-feira, em São Paulo.
Um sopro de calmaria foi trazido na última terça-feira (19) pela pesquisa do instituto Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, onde Dilma Rousseff aparece com 85% de popularidade no Nordeste. Apesar dos problemas de ordem político-eleitoral, a presidente precisará esbanjar simpatia e fazer valer os números para manter essa situação sob seu controle em Pernambuco.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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