Nas fotos, Dilma Rousseff e Michel Temer nunca foram tão felizes. Mas se alguém for avaliar como vai o casamento de fato, verá um poço de problemas nos estados. Os exemplos são inúmeros. Recentemente, os jornais de Mato Grosso do Sul abriram a temporada de notícias sobre a sucessão do governador André Puccinelli com declarações do senador Delcídio Amaral, do PT, a respeito de palanque único para a presidente Dilma Rousseff em seu estado. Foi o suficiente para que desandassem os ensaios de reaproximação entre petistas e peemedebistas por ali.
O PMDB de Mato Grosso do Sul há duas eleições concorre como aliado dos tucanos. Apoiaram Geraldo Alckmin em 2006 e José Serra em 2010. Agora, entretanto, esse casamento parecia ter chegado aos estertores. Mas a nova aposta dos peemedebistas em direção à presidente Dilma e à campanha reeleitoral está a um passo de naufragar, porque o PT não abre mão da candidatura própria nem planeja ter dois palanques para Dilma.
Essa história serve apenas para ilustrar um cenário que promete se repetir por vários estados brasileiros, onde os petistas terão que escolher: ou fecham um palanque próprio e jogam a campanha presidencial para o “seja o que Deus quiser” ou então dividem os espaços ou cedem a candidatura ao principal aliado, de modo a deixar clara a prioridade de manter o governo federal.
Até o momento, apenas em Sergipe e no Distrito Federal a convivência entre PT e PMDB é considerada como da maior lealdade. Em São Paulo, as perspectivas de acordo são grandes, mas, nos outros estados, ou Lula entra para resolver ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ou mesmo o tucano Aécio Neves pescarão aliados, como já vêm fazendo entre os sul-matogrossenses.
A avaliação geral é a de que, dado o adiantado das conversas para 2014 na seara política, ou Lula e o vice-presidente Michel Temer entram logo em campo para acalmar os ânimos dos demais jogadores ou a confusão vai crescer a ponto de paralisar a partida ou tornar impossível a busca de acordos de cavalheiros.
Enquanto isso no Planalto...
Embora a pesquisa CNI/Ibope apontando a alta popularidade do governo tenha sido positiva para a presidente Dilma, há a certeza de que nem ela nem o PT estão hoje nadando de braçada em berço esplêndido, para dispensar aliados ou impor sua vontade em todos os estados. Afinal, ela concorrerá contra dois jeitosos, forjados na arte da política de agregar, Aécio e Eduardo. (Ok, há ainda Marina Silva na pista da pré-campanha presidencial, mas ela não conseguiu formalizar seu partido, portanto, não pode ser colocada no mesmo patamar).
Até o momento, Dilma tratou de ajeitar apenas a situação das cúpulas partidárias — faltam ainda o PR, a ser recebido hoje, e o PTB, partido que o PT adoraria fechar ao lado de Dilma para cortar os laços dos petebistas com Eduardo Campos e Aécio.
O PT, por enquanto, está mais dedicado à sua eleição interna do que aos palanques estaduais, deixando tudo correr meio frouxo. Inclusive Lula não entrou de vez porque acredita que Eduardo, por exemplo, desistirá em prol de um projeto futuro com o apoio dos petistas, o que, cá entre nós, leitor, é sonho de uma noite de verão.
No fundo, os petistas sabem que todos os partidos que se sentirem prejudicados poderão terminar jogando suas estruturas em favor de outros candidatos. Portanto, da mesma forma que começaram a dividir o governo com o PMDB, terão que cuidar dos palanques. E reza o ditado, é melhor prevenir do que remediar. A hora de agir é agora.
Fonte: Correio Braziliense
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