Governador e ex-senadora participam de encontro programático entre PSB, Rede e PPS em Porto Alegre
Juliana Bublitz
Em clima de campanha, o presidenciável Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, e a ex-senadora Marina Silva (Rede) participam, neste sábado, em Porto Alegre, do primeiro Encontro Regional Programático dos partidos.
Durante entrevista coletiva concedida no início da tarde, os dois criticaram a fala do deputado gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), que chamou gays, índios e quilombolas de "tudo que não presta". Apesar disso, não descartaram a possibilidade de uma aliança com o PP no Rio Grande do Sul.
—Eu quero me somar a tantas vozes que se levantaram indignadas contra a fala do deputado — disse Campos.
Embora discorde do ponto de vista de Heinze, o governador de Pernambuco destacou que "é cedo para discutir palanque" e evitou falar sobre a aproximação com o PP.
— Não adianta montar palanque e não saber o que fazer depois — desconversou.
A fala de Heinze veio à tona quando um vídeo gravado em Vicente Dutra, no norte do Estado, foi publicado no YouTube, há duas semanas.
No Rio Grande do Sul, a aproximação de Campos com a senadora Ana Amélia Lemos (PP), possível candidata ao Piratini, não é vista com bons olhos por uma ala do PSB e por integrantes da Rede Sustentabilidade. A senadora, reconhecida por sua atuação em defesa do agronegócio, ciceroneou o socialista, em agosto passado, na Expointer. O gesto marcou a arrancada da negociação.
Na semana passada, o grupo contrário à coligação avaliaram que as declarações de Heinze acentuaram as diferenças ideológicas entre os partidos.
Ao ser questionada sobre o tema, Marina Silva reforçou a posição manifestada por Campos neste sábado. Rebateu as declarações de Henize, mas não foi além disso.
— A fala do deputado foi preconceituosa. Temos um país em que a maior riqueza é a diversidade, e nós defendemos uma cultura de paz — ressaltou Marina.
Sobre a possibilidade de aliança com o PP, a ex-senadora evitou opinar. Disse que PSB e Rede buscam fazer coligações "compatíveis com o programa" e que as conversas estão a cargo das direções regionais.
Pouco antes da entrevista, o presidente do PSB gaúcho, deputado federal Beto Albuquerque, garantiu que o diálogo com o PP (e também com outros partidos) vai continuar. Ele classificou a postura de Heinze como "infeliz", mas disse que ela não deve ser generalizada para todo o partido:
— Seria um erro generalizar a questão e supor que todo o PP pensa como Heinze.
O seminário promovido por PSB, Rede e PPS lotou o Auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa. Entre os presentas, além de Marina e Eduardo, estavam Roberto Freire, presidente nacional do PPS, e o senador Pedro Simon (PMDB).
O senador disse que foi prestigiar o evento em respeito ao avô de Campos, Miguel Arraes, com quem lutou contra a ditadura. Outra presença de "fora" foi a do deputado estadual Mano Changes (PP), que esteve no local para o reforçar o apoio à candidatura de Eduardo Campos e fazer coro à possível aliança do socialista com o PP de Ana Amélia.
—Vim dizer que o PP não é só o Heinze e que não pensamos como ele — disse Changes.
Fonte: Zero Hora (RS)
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