• Para a presidente, diretora da Petrobras não cometeu irregularidades
Germano Oliveira e Geralda Doca – O Globo
ITURAMA (MG) e BRASÍLIA - Um dia depois de o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, declarar ao GLOBO que a presidente da Petrobras, Graça Foster, não terá condições de permanecer no cargo se tiver os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a presidente Dilma Rousseff voltou a defender a dirigente da estatal ontem. Dilma afirmou que, para o governo, Graça Foster não cometeu nenhuma irregularidade, e que não há contra ela qualquer processo.
O ministro José Jorge, do TCU, apresentou esta semana voto defendendo o bloqueio dos bens de Graça Foster no processo que investiga prejuízos causados à estatal na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O TCU acabou adiando a votação do bloqueio depois da sustentação oral feita por Adams na sessão da última quarta-feira.
— Eu acho que, nesse momento, o Adams estava defendendo Graça Foster e provando o absurdo que é. Uma pessoa íntegra, correta, competente e capaz, reconhecida não só pelo governo, mas por todo o mercado, não pode ser submetida a esse tipo de julgamento. Eu acredito que tem, por trás, outros interesses — disse Dilma, em Iturama, Minas. — Acho que é absurdo colocar as diretorias da Petrobras submetidas a esse tipo de procedimento. Só 0,05% de todos os projetos que transitaram na CGU pediram a indisponibilidade de bens. A posição do governo é clara. Nós não achamos que pese contra Graça Foster qualquer processo de irregularidade, sequer um processo de irregularidade.
A presidente se irritou com a pergunta e encerrou a entrevista coletiva que concedia perto do canteiro de obras da Ferrovia Norte-Sul, em Iturama.
Outros setores do governo também criticaram a declaração de Adams de que o possível bloqueio dos bens de Graça Foster inviabilizaria a permanência dela no comando da empresa. De forma reservada, assessores do Planalto disseram que Dilma ficou irritada com o tom da entrevista do ministro. Ao GLOBO, Adams defendeu o trabalho e a conduta da presidente da estatal, mas afirmou que um eventual bloqueio dos seus bens por parte do TCU afetaria a legitimidade dela para se manter à frente da Petrobras.
Conselho faz defesa pública
Nas condições atuais, Adams disse não ver motivos para o afastamento de Graça. Para auxiliares do Planalto, no entanto, a declaração do chefe da AGU pôs o governo em situação desconfortável caso o TCU decida pelo bloqueio de bens. Auxiliares da presidente consideraram ainda que Adams acabou abrindo uma brecha para a oposição reforçar seu discurso contra a dirigente.
Em nota, a Petrobras informou no site oficial que o conselho de administração da empresa, reunido ontem, refutou especulações sobre o afastamento de Graça do cargo: “A Petrobras comunica que seu conselho de administração, reunido nesta data (8/8), refuta quaisquer especulações sobre a saída da presidente Maria das Graças Silva Foster”.
A inclusão de Graça na lista dos dirigentes da Petrobras que estão com bens bloqueados seria votada porque o TCU admitiu que houve um erro na sessão anterior em que a corte aprovou a indisponibilidade do patrimônio de ex-dirigentes da estatal. Conforme revelou O GLOBO, na primeira votação, o TCU deixou de incluir Graça por uma falha da relação dos diretores da Petrobras em 2008, quando parte da transação de compra de Pasadena foi aprovada.
No texto do TCU, o ex-diretor Ildo Sauer foi considerado responsável por uma transação sob investigação e, por isso, teve seu patrimônio bloqueado. Mas, na época, Sauer não estava mais na direção da estatal. O cargo dele era ocupado justamente Graça Foster.
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