• Petista sugere que há 'outros interesses' por trás de pressões contra a estatal
• TCU deverá decidir se inclui presidente da estatal na lista de diretores com bens bloqueados
João Alberto Pedrini, Valdo Cruz, Natuza nery e Samantha Lima – Folha de S. Paulo
ITURAMA (MG), BRASÍLIA e RIO - A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta (8) que a possibilidade de o TCU (Tribunal de Contas da União) decretar o bloqueio de bens da presidente da Petrobras, Graça Foster, é um "absurdo" e sugeriu que há "outros interesses" por trás das pressões contra a cúpula da estatal.
"Ela não pode ser submetida a esse tipo de julgamento, que eu acredito que tenha por trás outros interesses. Eu acho um absurdo colocar a diretoria da Petrobras submetida a esse tipo de procedimento", afirmou, durante ato de campanha em Iturama (MG).
A presidente não disse a que "outros interesses" se referia. "A posição do governo é clara. Nós não achamos que a Graça tenha cometido qualquer irregularidade", afirmou.
No final de julho, depois de meses de investigação sobre o caso, o TCU condenou 11 diretores e ex-diretores da Petrobras a devolver US$ 792 milhões (R$ 1,6 bilhão) por prejuízos na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Eles tiveram seus bens bloqueados.
Graça Foster não estava nesta lista, mas, logo depois, o relator do caso no TCU, José Jorge, disse que foi um erro excluí-la. O tribunal voltou a analisar a questão na quarta (6), mas o relator adiou a tomada de uma decisão.
Graça é amiga da presidente e uma das poucas pessoas que costuma se hospedar no Palácio da Alvorada, residência oficial, quando pernoita em Brasília. Para o Planalto, o episódio é uma tentativa de desgastar Dilma por meio da presidente da estatal.
Por isso, nos últimos dias, a pedido de Dilma, segundo interlocutores, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, foi ao TCU defender, durante reunião do tribunal, que os bens de Graça e de outros atuais diretores não deveriam ser bloqueados.
Na quinta (7), Adams chegou a dizer que o bloqueio tornaria "inviável" a permanência de Graça na presidência da estatal, alegando que a medida tiraria sua legitimidade para comandar uma empresa movimenta bilhões.
Na sexta (8), o ministro disse que foi mal-entendido. Sua intenção era, segundo ele, fazer uma advertência sobre os impactos negativos sobre a estatal caso essa decisão seja tomada. Segundo ele, não há nenhuma norma ou lei que determine a saída da presidente caso o bloqueio seja aprovado.
O TCU nega que esteja analisando a questão com objetivos políticos e que vai discutir se houve erro ao não incluir a presidente da estatal na lista dos dirigentes que ficaram com os bens indisponíveis.
Segundo a Folha apurou, uma ala do TCU concorda com os argumentos do Planalto e tende a votar contra o bloqueio dos bens. Mas, caso o TCU o decrete, o governo acredita que o Supremo Tribunal Federal deverá derrubar a decisão.
Segundo assessores, a presidente da estatal não teve participação direta na definição da operação, o que deve ser levado em conta caso o assunto chegue ao Supremo.
Nesta sexta, preocupado com os efeitos negativos da informação de que Graça poderia deixar a empresa, a estatal divulgou comunicado aos acionistas informando que o Conselho de Administração da empresa "refuta, por inverídicas, quaisquer especulações sobre a saída da presidente Maria das Graças Silva Foster".
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