- O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA, - Uma "engenharia" política do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, garantiu a vitória do deputado Leonardo Picciani (RJ) para a liderança do PMDB na Câmara. Filho do presidente do diretório fluminense do partido, Jorge Picciani, Leonardo venceu Lúcio Vieira Lima (BA) na última quarta-feira, 11, por apenas um voto de diferença e consolidou a hegemonia do PMDB do Rio de Janeiro na Casa.
O placar terminou 34 a 33. Reservadamente, o grupo derrotado culpa a interferência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo resultado.
Paes nomeou dois secretários "tampões" para a administração municipal para que suplentes do PMDB assumissem seus mandatos e votassem em Picciani. O deputado Sérgio Zveiter (PSD) ocupou por apenas quatro dias a secretaria de Coordenação de Governo do Rio de Janeiro e abriu vaga para Marquinho Mendes exercer o mandato de deputado federal e depositar um voto em Picciani.
Ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, Zveiter disse que atendeu a um pedido do próprio Picciani. "Eu aceitei para ajudar o Rio de Janeiro, pela importância de termos (na Câmara Federal) um líder do PMDB do Estado", afirmou o parlamentar, que reassume na Câmara nesta sexta-feira, 13.
O PMDB e o PSD participaram da mesma coligação no Rio nas últimas eleições. Por isso, um parlamentar de uma das siglas pode abrir espaço para o da outra quando se afasta temporariamente do mandato.
Foi o que aconteceu também com Alexandre Serfiotis (PSD), que foi secretário especial de Promoção e Defesa dos Animais da cidade do Rio também por quatro dias. Sua licença abriu espaço para que Celso Jacob (PMDB) participasse do pleito e garantisse mais um voto para Picciani.
"Não tinha sentido eu votar em outro. Eu conheço o Picciani e sei do trabalho que ele vai fazer", afirmou Jacob.
O secretário de Coordenação de Governo do município do Rio, Pedro Paulo (PMDB), reassumiu seu mandato de deputado federal na segunda-feira (9) para participar da eleição da bancada. Ele e Picciani devem disputar a candidatura da legenda para a prefeitura do Rio de Janeiro em 2016.
Sequelas
A articulação do PMDB fluminense - que tem agora a prefeitura, o governo estadual, a presidência da Câmara e a liderança da bancada - abriu um racha entre os deputados, que queria a neutralidade de Cunha na eleição.
Inicialmente, havia quatro deputados do Nordeste que se colocaram como candidatos a líder: Danilo Forte (CE), Marcelo Castro (PI), Manoel Júnior (PB) e Vieira Lima (BA). Eles decidiram apoiar o deputado da Bahia, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, para evitar o que chamaram de "hegemonia" do Rio de Janeiro.
Embora Cunha negue que tenha atuado para beneficiar Picciani, o resultado gerou sequelas. Vieira Lima, por exemplo, se recusou a assumir a presidência ou a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar denúncias de corrupção na Petrobras, oferecido a ele como um "prêmio de consolação".
Forte afirmou que, passada a eleição, é preciso "reconstruir a unidade partidária". "É hora de juntar os cacos e bola pra frente."
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