• Partido agora tenta impedir que petista ocupe relatoria da CPI da Petrobras
Chico de Gois, Silvia Amorim eTatiana Farah – O Globo
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Para tratar da crise política, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se ontem à tarde com o ex-presidente Lula em São Paulo. Foi a primeira reunião entre os dois desde o início do segundo mandato. Na véspera, Lula já demonstrara o papel que terá para tentar neutralizar a crise com o PMDB: no Rio, se encontrou com o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. A viagem indica o papel que Lula deve desempenhar neste momento de crise do PT e do governo: o de articulador com os partidos e com os setores da sociedade.
A rebelião do PMDB tem dado trabalho a Dilma na Câmara, presidida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). . Após ganhar a presidência da Câmara, de colocar na presidência da comissão especial da reforma política um representante do DEM e de escolher como líder um deputado que fez campanha para Aécio Neves (PSDB), o PMDB se prepara agora para impor mais uma derrota ao PT. À frente do bloco com o maior número de parlamentares na Casa, o partido pretende ter não só o presidente da CPI da Petrobras, mas também indicar para a relatoria um aliado não petista.
Três parlamentares do bloco do PMDB (SD, PP, PTB, PSC, PHS, PEN, PRB, PTN, PRP, PSDC, PRTB) confirmaram negociações nesse sentido.
- Somos o maior bloco, e a relatoria deve ficar conosco também - afirmou.
Os peemedebistas já conversam com as outras siglas para ver quem aceitaria a missão. O PP, embora com bancada com 40 deputados, deve sair do páreo porque foi citado como beneficiário do esquema criminoso investigado na Operação Lava-Jato. O PTB é uma possibilidade, mas o líder Jovair Arantes (GO) nega que isso esteja em pauta.
O PT, no entanto, não está disposto a abrir mão facilmente da relatoria. O líder Sibá Machado (AC) avisou que lutará para que seu partido tenha lugar de destaque na CPI.
- Vamos lutar para ficarmos com a relatoria. O PT não abre mão - disse.
Após uma semana agitada na Câmara com a aprovação de medidas indigestas para o governo, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), resumiu ontem numa frase suas atitudes neste início da gestão dele. Entre as medidas que desagradaram ao governo estão a aprovação do orçamento impositivo e o convite aos 39 ministros de Dilma para que prestem esclarecimentos aos deputados. Para ele, o governo não tem motivos para reclamar.
- Não sei se o governo gostou ou não gostou. Mas também não estamos lá para agradar ou desagradar a quem quer que seja - afirmou.
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