- Folha de S. Paulo
O Congresso deve ter um ano agitado, com a investigação de dezenas de parlamentares citados na Operação Lava Jato. A tensão está no ar, mas ainda há quem diga não estar preocupado com o volume de acusações contra colegas. É o caso do senador João Alberto Souza, do PMDB do Maranhão.
Aos 79 anos, ele vai presidir o Conselho de Ética, que julga os processos de quebra de decoro. Foi indicado por Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos principais políticos citados no escândalo da Petrobras.
Na contramão do noticiário, João Alberto diz não saber quais colegas correm o risco de serem denunciados ao Supremo Tribunal Federal por suspeita de receber propina.
"Quem foi citado até agora? Eu ainda não vi nada. Estou no Senado todo dia e não vi", diz ele. "Não tem nenhum fato concreto. Não existe nada, só especulação", insiste.
O senador presidirá o Conselho de Ética pela quinta vez. Em 2001, tentou arquivar processo contra Jader Barbalho (PMDB-PA), que seria preso meses depois no escândalo da Sudam. "A questão do Jader não me convenceu. Tenho a consciência tranquila", diz, ao relembrar o caso.
Ele contesta a ideia de que foi escolhido para blindar Renan. "É uma especulação que eu não aceito. Não sou guiado por ninguém", afirma.
A pressão da opinião pública não costuma dobrar o senador. Em 2013, ele foi o único a votar contra a cassação imediata de colegas condenados a mais de quatro anos de prisão. A proposta passou por 61 votos a 1.
Aliado de José Sarney, o maranhense entrou na política pela Arena, partido que sustentava a ditadura militar. Em 1990, era prefeito de Bacabal e assumiu o governo do Estado após a renúncia de Epitácio Cafeteira. A Assembleia alegou que a posse era ilegal. Ele cercou o palácio e se fechou no gabinete com a faixa no peito e um revólver 38 na mão. "Naquela época, todo mundo andava armado", justifica. E hoje? "Não ando mais", responde.
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