Daniela Lima – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - "Eu não aceito que me acusem de desunir o PMDB. Estão tentando desmoralizar a convenção do partido." Foi com esse discurso que o vice Michel Temer reagiu à operação orquestrada por alas do seu partido alinhadas a Dilma Rousseff para adiar a reunião programada para definir o fim da aliança entre PT e PMDB.
Temer subiu o tom ao discutir com emissários do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que foram até sua casa na terça (22) pregar a necessidade de remarcar o encontro que deve selar o desembarque do PMDB do governo. A discussão foi o momento mais tenso das cerca de oito horas em que o tema foi debatido.
Deflagrada após intensa pressão do ex-presidente Lula e de Dilma sobre ministros e quadros do PMDB que ainda estão alinhados com o governo, a articulação pelo adiamento do desembarque começou em São Paulo.
Lá, Temer conversou com o senador Jader Barbalho (PA). Emissário de Renan, ele disse a Temer que havia uma maioria do partido favorável ao adiamento da convenção. Surpreso, o vice disse que não iria contra a maioria da sigla.
Temer embarcou para Brasília e senadores aliados a Renan começaram a disparar a informação de que ele havia cedido. Quando o vice desceu na capital, a ala do PMDB que defende o rompimento com o governo estava irritada. Foi até ele e disse que a maioria dos diretórios queria manter a definição para o dia 29 e abandonar a base de Dilma.
Temer, então, reafirmou a data da reunião e o grupo de deputados comunicou a decisão a Renan. O vice, então, recebeu uma segunda comitiva. No grupo, estava o deputado Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara e aliado do governo.
Nessa conversa, Temer ouviu que manter a data da reunião dividiria o PMDB e reagiu. Disse que já havia segurado os ânimos dos descontentes até ali e que os que querem manter cargos no governo deveriam defender sua posição na reunião e ganhar dos dissidentes no voto.
O vice disse ainda que a maioria do partido o pressionou para aprovar o rompimento já na última convenção nacional, no dia 12 e que, em consideração à outra ala, abortou o movimento.
"Para não votar, aceitei aprovar a moção que proibia novas nomeações. E o que vocês fizeram? Nomearam. Isso me desautorizou como presidente do partido", disse.
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