Por Andrea Jubé, Fernando Exman e Marina Falcão | Valor Econômico
BRASÍLIA E FLORESTA (PE) - Após homologar, ontem, as delações dos ex-executivos da Odebrecht, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, deve anunciar amanhã o método de escolha do novo relator da Operação Lava-Jato no STF. Com as homologações, os depoimentos ganharam validade jurídica e poderão gerar novas investigações contra dezenas de políticos de vários partidos. Cármen Lúcia também manteve o teor das delações sob segredo de Justiça.
Assim que foi divulgada a homologação, auxiliares de Michel Temer afirmaram que a medida não surpreendeu o presidente e que a preocupação é com a possibilidade de vazamentos seletivos com o objetivo de fragilizar o governo.
Palácio preocupa-se com vazamentos seletivos
Assim que foi divulgada a decisão da presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, de homologar as delações de executivos da Odebrecht, auxiliares do presidente Michel Temer afirmaram que a medida não contrariava os interesses do governo. A preocupação no Palácio do Planalto, no entanto, é a possibilidade de que vazamentos seletivos sejam direcionados para fragilizar o governo.
A expectativa do Palácio do Planalto agora é de que todo o conteúdo dessas colaborações seja tornado público o quanto antes e que esse pedido seja uma iniciativa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A princípio, Temer está decidido a não demitir auxiliares simplesmente por estarem citados nas delações. Cada caso será analisado de forma independente.
Em entrevistas concedidas em Pernambuco, o próprio presidente comentou o assunto e destacou que a presidente do STF "fez o que deveria fazer e nesse sentido fez corretamente". "A presidente Cármen Lúcia havia mais ou menos pré-anunciado na semana passada que entre hoje e amanhã homologaria as delações. Ela manteve o sigilo. Esta é uma decisão do Judiciário, eu não posso dar palpite em relação a isso", acrescentou.
Na avaliação de um auxiliar de Temer, o governo pretende superar essa etapa o quanto antes. Ele reconheceu que se trata de um "momento de grande impacto" para o país, mas que é preciso atravessá-lo, esclarecer as denúncias e seguir adiante com a agenda de reformas necessárias para a retomada do crescimento.
O Planalto avalia que Cármen seguiu à risca o roteiro que estava traçado pelo ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo há 15 dias. Um assessor presidencial observou, inclusive, que Temer havia pedido pressa e transparência na operação, em carta-petição aberta entregue em mãos a Janot em novembro.
Sobre as citações ao seu nome, Temer, segundo esse auxiliar, tem "segurança e tranquilidade". A avaliação é de que era natural um presidente de partido, no caso do PMDB, pedir contribuição de campanha, ressaltando que as doações ocorreram de forma legal, tendo sido posteriormente declaradas e chanceladas pela Justiça Eleitoral.
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