- Folha de S. Paulo
A três dias da votação que definirá o futuro de Michel Temer, os deputados de oposição ainda batem cabeça. Não há consenso sobre a estratégia a ser adotada na quarta-feira. O governo aposta na divisão dos adversários para enterrar a denúncia contra Temer.
O presidente da Câmara não iniciará a votação enquanto não houver a presença de dois terços dos deputados. Partidos como PSOL e Rede só querem entrar no plenário se os governistas comparecerem em peso. A ala majoritária do PT prefere marcar o ponto logo no início da sessão.
"A oposição não pode fazer o jogo do governo", diz o líder da Rede, Alessandro Molon. Ele afirma que uma sessão com quorum baixo só interessa a Temer, já que as ausências contarão a favor do presidente.
"O deputado que votar a favor do governo vai pagar um preço altíssimo com os eleitores, que cobram o afastamento do presidente. Se ele tiver a opção de não aparecer, o desgaste será muito menor", explica.
Apesar do favoritismo, o Planalto está preocupado com as traições nos partidos aliados. Por isso, o governo determinou que 12 ministros se licenciem para voltar à Câmara e votar a favor do chefe. "Foi uma demonstração clara de insegurança", diz Júlio Delgado, do PSB.
O deputado afirma que a esquerda precisa superar as divergências para não facilitar a vida do presidente. "A oposição está com um desejo difuso", resume. "Alguns realmente querem tirar o Temer, mas outros preferem que ele continue lá sangrando."
O líder do PT, Carlos Zarattini, quer convencer os colegas a dar quorum desde o início da sessão. "Sou favorável a entrar lá e votar. Acho que é a melhor solução, mas temos que conversar e buscar a unidade", diz.
O petista nega que seu partido esteja interessado em manter Temer enfraquecido para aumentar suas chances em 2018. "Este raciocínio vale para os dois lados. Adiar a votação não vai deixar o Temer sangrando do mesmo jeito?", questiona.
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