- O Estado de S.Paulo
Decisão do juiz Sérgio Moro deverá radicalizar ainda mais o processo político
A condenação do ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, poderá beneficiar Michel Temer, que luta para ficar na Presidência.
Isso porque a decisão do juiz Sérgio Moro deverá radicalizar ainda mais o processo político, fazendo com que os petistas e os aliados a eles, hoje na Rede, PSOL, PSB e PCdoB, aumentem os xingamentos e provocações aos que foram a favor do impeachment de Dilma Rousseff e se posicionam ao lado de Temer.
Sentindo-se agredidos por serem chamados de golpistas, vendilhões da Pátria e de suas riquezas, e até de escravocratas – expressão usada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), na votação da reforma trabalhista –, muitos dos que poderiam se afastar de Temer por causa das denúncias que envolvem o presidente tenderão a se reaproximar.
Com isso, o presidente Temer passou a avaliar que repetirá na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e no plenário, nas denúncias futuras que chegarão das bandas da Procuradoria-Geral da República, a mesma votação que vai ter no processo por corrupção passiva, ora em exame.
Antes, Temer receava que os próprios deputados de sua base pudessem fraquejar diante da estratégia adotada pelo procurador Rodrigo Janot, de fatiar as denúncias, justamente para cansar os deputados e a defesa de Temer.
A partir de agora Temer e Lula passam a viver situação até parecida. Se o presidente tem as denúncias de Janot e prováveis delações do doleiro Lúcio Funaro e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a tirar-lhe o sono, Lula tem a possibilidade de prisão e de condenação na segunda instância a atormentar-lhe a vida. E a ameaçar sua carreira política, pois, se condenado pelo Tribunal Regional Federal, que apreciará seu recurso, será pego pela Lei da Ficha Limpa. Aí, adeus tentativa de volta à vida pública.
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