- Folha de S. Paulo
- Que o Orçamento é obra ficcional, sempre se soube em Brasília. Mas a derrota parlamentar do governo Michel Temer, ao não aprovar uma nova meta de deficit fiscal a tempo de fechar a proposta orçamentária de 2018, transformou o texto enviado nesta semana ao Congresso num conto burlesco.
Na Presidência da República, o deputado Rodrigo Maia enzonou. Assinou o Orçamento "fake" só na última hora; recusou-se a canetar medidas provisórias e projetos de lei necessários para cumprir a futura meta e a peça orçamentária, que precisará ser remendada. São propostas impopulares de aumento de carga tributária e de porrete no funcionalismo. Deixou para Temer na volta da China.
O presidente sentirá um clima diferente na cidade no retorno. A Esplanada dos Ministérios já respira o ar seco e quente da segunda denúncia. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin alternam atos formais quase ensaiados, elevando a temperatura.
Na Câmara, o troca-troca de nomes começou na CCJ (comissão que analisará a denúncia), e o ritmo de liberação de emendas parlamentares deve ser acelerado, depois de reduzido drasticamente após a primeira acusação ser barrada. André Fufuca, 28, virou piada no comando da Casa: aprovou a nova taxa do BNDES, mas enterrou a reforma política.
Depois que Gisele Bündchen e Anitta chiaram contra a extinção da reserva de cobre na Amazônia, o Palácio do Planalto revogou um decreto, editou um segundo e agora suspendeu os efeitos deste último. Tudo já estava suspenso por ordem de um juiz federal. O PSOL chegou a recorrer ao STF, no entanto, o partido desistiu da ação quando o assunto caiu nas mãos de Gilmar Mendes.
Doutas as palavras de Guiomar Mendes (mulher de Gilmar): "Já vivi momentos de graves crises nessa Brasília! Mas esse, sem dúvida, é o mais ridículo por que já passei".
Patética não ficção.
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