PIB cresce mais que o previsto, mas investimento preocupa
Alta de 0,2% no segundo trimestre surpreende analistas; já há apostas de crescimento superior a 1% no ano
- O Estado de S. Paulo.
O Produto Interno Bruto do País cresceu 0,2% no segundo trimestre, acima das expectativas de boa parte do mercado. Foi a segunda alta seguida, após o crescimento de 1% registrado de janeiro a março, o que sinaliza que a recessão está ficando para trás. Já há apostas de crescimento até superior a 1% no ano. O aumento de 1,4% no consumo das famílias, principal vetor do crescimento da economia no trimestre, teve influência direta da desaceleração da inflação, da queda dos juros e da liberação das contas inativas do FGTS. Os serviços cresceram 0,6%. A queda nos investimentos, porém, preocupa.
Com um forte impulso do consumo das famílias, o Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os bens e serviços produzidos na economia) brasileiro cresceu 0,2% no segundo trimestre, acima das expectativas de boa parte do mercado. Foi a segunda alta seguida, após o crescimento de 1% registrado de janeiro a março, o que sinaliza de maneira mais clara que a recessão está ficando para trás. Com o resultado, analistas e instituições financeiras passaram a rever suas projeções para o ano, e já há apostas de um crescimento até superior a 1% este ano.
O aumento de 1,4% no consumo, principal vetor do crescimento da economia no trimestre passado, teve influência direta da desaceleração da inflação, que aumenta o poder de compra, da queda dos juros e da liberação das contas inativas do FGTS. No lado da produção, os serviços também tiveram crescimento expressivo, de 0,6%. A queda nos investimentos, porém, ainda traz preocupação.
“É um sinal de que a recuperação cíclica está pegando, não é um voo de galinha”, disse Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. “O dado mais importante está nas entranhas do PIB: o consumo das famílias, que teve melhora bastante expressiva, andando em linha com os números do varejo. Esse dado indica mais uma recuperação do emprego, ligada ao setor de serviços.”
A melhora nas expectativas para o desempenho da economia é retratada em uma pesquisa feita ontem pelo Projeções Broadcast com 32 instituições. A maior parte já elevou suas previsões, e a projeção de alta no PIB ficou em 0,6%, acima dos 0,39% apontados pelo último Boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo BC com analistas de mercado. A projeção mais otimista é de aumento de 1,1% no ano.
Sérgio Vale, da MB Associados, diz acreditar que o País decididamente saiu da recessão e que passou no teste do segundo trimestre – por conta da crise política de maio, após as delações da JBS. Mas pondera que os investimentos ainda precisam avançar para que a recuperação possa decolar. “O dado mais preocupante ainda é o de investimentos, mas eles tendem a melhorar no segundo semestre, com uma expectativa de melhora no emprego”, diz.
De fato, os investimentos registraram baixa de 0,7%, a 13.ª queda trimestral consecutiva, puxando junto o PIB da indústria, o que fez alguns economistas pedirem cautela no otimismo. Para a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, ainda é cedo para falar em recuperação. O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da FGV, órgão independente que se dedica a determinar o início e o fim das recessões, marcou o início do atual ciclo recessivo no segundo trimestre de 2014, mas ainda fará uma reunião para determinar se chegou ao fim.
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