As transações cotidianas na internet, como a compra de um livro ou a assinatura de um serviço de música, em geral se dão no sítio de uma empresa que vende produtos ou faz a mediação de uma troca entre desconhecidos.
O pagamento é realizado por meio de cartão de crédito, boleto ou transferência bancária. A conclusão do negócio depende, portanto, de outros participantes, como instituições financeiras.
Mas um outro cenário pode ser imaginado. E se os intermediários —aqueles que certificam a segurança da operação em moeda nacional ou estrangeira— forem dispensados? E se a troca de valores for feita diretamente entre pessoas, por meio de uma moeda diferente, digital, na qual vendedores e compradores confiam?
Trata-se, sem dúvida, de ideia com desdobramentos potenciais interessantes. A meta, que data do início da internet, começa a se tornar realidade com tecnologia do bitcoin e de mais de 1.500 outros meios de pagamento virtuais.
Embora sejam auspiciosas as possibilidades da inovação, os riscos já se mostram consideráveis.
A força de qualquer moeda depende da credibilidade de quem a emite: o dólar tem circulação global em razão da pujança do governo americano; já o real quase não é usado fora do Brasil.
Mesmo moedas convencionais podem ser menos sólidas do que se imagina. Não por acaso, o bitcoin ganhou impulso a partir de 2008, com a devastadora crise financeira global —que minou a confiança no dinheiro fabricado por governos e bancos centrais.
Conforme seus idealizadores, a assim chamada criptomoeda será criada em quantidade finita, por pessoas capazes de resolver complexos problemas matemáticos em seus computadores. Dadas a oferta limitada e a aceitação crescente, o valor do bitcoin cresce vertiginosamente: neste ano, elevou-se em 1.362% diante do real.
Com isso, surgem alertas cada vez mais frequentes de que se está diante de uma bolha —uma euforia especulativa fadada a arruinar aqueles dispostos a pagar somas crescentes pelo objeto do desejo.
Governos também começam a tomar nota das possíveis consequências. Como a emissão e a negociação ocorrem em ambientes não regulados, há temores de fraudes e roubos por hackers. Outro perigo é o uso do anonimato do bitcoin para transações ilícitas, como lavagem de dinheiro e terrorismo.
Algum tipo de controle público parece desejável, em nome da proteção a investidores e à economia.
Não se deve perder de vista, contudo, o potencial de inovação tecnológica que se vislumbra com as moedas digitais, que podem, por exemplo, democratizar o acesso de parcelas da população a serviços hoje restritos a quem tem conta bancária ou cartão de crédito.
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