- O Globo
Nas primeiras entrevistas após a vitória, Bolsonaro prometeu moderação e respeito à democracia. Ao mesmo tempo, reforçou ameaças à oposição e à imprensa
Jair Bolsonaro deu sinais trocados no primeiro dia como presidente eleito. Em entrevistas a quatro emissoras de TV, ele repetiu promessas de moderação e respeito às leis e à democracia. Ao mesmo tempo, renovou ameaças a opositores e a jornais que o criticarem no exercício do poder.
No Jornal Nacional, o capitão se disse “totalmente favorável à liberdade de imprensa”. Pouco depois, ameaçou usar verbas públicas para punir veículos. A intenção é sufocar financeiramente quem publicar reportagens que o desagradem.
Ele fez ataques à “Folha de S.Paulo”, que revelou a existência de uma funcionária fantasma em seu gabinete. Não explicou, porém, por que demitiu a assessora. Ela foi flagrada vendendo açaí em Angra dos Reis durante o horário de expediente.
Na Band, Bolsonaro disse que não fará nada para “esmagar a oposição”. Na mesma entrevista, esmagou a história ao dizer que o regime militar não foi uma ditadura. Ele também tentou relativizar a censura a jornais e revistas. Disse que a prática foi pontual, embora a presença de censores nas redações tenha sido permanente a partir de 1968.
O presidente eleito afirmou no JN que tratará a Constituição como “nossa Bíblia aqui na terra”. Em seguida, reforçou ameaças a adversários políticos. Questionado sobre a promessa de expurgar “marginais vermelhos”, deixou claro que se dirigia à futura oposição. “Logicamente estava me referindo à cúpula do PT e à cúpula do PSOL”, sentenciou.
Bolsonaro se disse vítima de fake news, mas voltou a espalhar notícias falsas que usou na campanha. Ele acusou o candidato derrotado Fernando Haddad de ter produzido um “kit gay” que atentaria contra “a inocência das crianças”. O site Fato ou Fake esclareceu que o material era dirigido a educadores, não a alunos, e nem chegou a ser distribuído.
O ministro Carlos Horbach, do TSE, proibiu o PSL de explorar a história no horário eleitoral. Ele afirmou que a propaganda do presidente eleito “gerava desinformação”, com “prejuízo ao debate público”.
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