sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Ricardo Noblat: A demonização do jornalismo

- Blog do Noblat / Veja

Caricaturas de Trump

A Rede Globo de Televisão já foi acusada por seus desafetos de fazer muitas coisas, mas de fazer jornalismo foi a primeira vez.

Flávio Bolsonaro, em entrevista ao SBT, mostrou fotos do jornalista Octávio Guedes, da GloboNews, em um restaurante do Rio na companhia do Procurador Geral da Justiça Eduardo Gussen.

Em um restaurante, come-se, bebe-se e conversa-se. É o que os dois pareciam fazer. Jornalista conversa com bandidos e autoridades à caça de informações. É o seu dever, e também o seu ofício.

O que pretendeu Flávio com a exibição das fotos? Sugerir que o procurador vazou para o jornalista informações sobre seus rolos com Queiroz, policiais condecorados e milicianos presos ou fugitivos.

Como ainda não se inventou fotografia com som, as de Guedes com Gussen só provam que eles foram vistos à mesma mesa em um restaurante.

Guedes diz que Gussen não lhe deu nenhuma informação sigilosa. Flávio não tem simplesmente como provar o contrário. Noves fora, nada, portanto.

Na contramão dos militares que os cercam, os Bolsonaros tentam por todos os meios demonizar o jornalismo que não controlam – sim, porque parte dele já está no bolso.

Para eles, liberdade de imprensa só a favor. São órfãos da censura que no passado recente marcou a ferro e fogo a história do país. Se pudessem, a restabeleceriam.

Como não podem, imaginam que pela intimidação sufocarão seus críticos. Copiam os métodos do presidente americano Donald Trump, seu ídolo. Mas não passam de uma caricatura malfeita dele.

À espera que o “novo” rebente

Governo velho
Você já deve ter ficado rouco de tanto ouvir: nas eleições do ano passado, a nova política derrotou a velha.

Por velha, entenda-se a política praticado pelo PT e seus aliados nos últimos 13 tristes e degradados anos de corrupção.

Por nova… Bem, o que o capitão, seus filhos e os caronas viessem mais tarde a demonstrar que se tratava de uma política novinha em folha.

A poucos dias de completar um mês do rebento, nem do alto de uma goiabeira é possível avistar sinal do que mereça ser chamado de novo.

A não ser que novo tenha sido o capitão e seu filho Eduardo embolsarem o auxílio-mudança pago a parlamentares reeleitos que já moram em Brasília.

Em um país rico, seria razoável que se pagasse a mudança para a capital de deputados e senadores eleitos. Ou a mudança de volta aos seus Estados dos que não se reelegeram.

Mas pagar R$ 33.700 para os que não precisarão se mudar? Muitos recusaram a propina. Os arautos da nova política, Bolsonaro pai e filho, não recusaram.

No caso do pai, o custo do que mais tivesse de mudar para Brasília onde mora há 28 anos correria por conta da presidência da República, como de fato correu.

Nada tem a ver com novo tempo e novas práticas a descoberta dos rolos do filho Flávio, de Queiroz e de sua família empregada durante anos a fio também no gabinete do capitão em Brasília.

Muito menos o fato de Flávio ter homenageado e condecorado tantos policiais militares expulsos da corporação, presos, fugitivos e caçados por envolvimento com o crime organizado.

Admita-se: o novo quis rebentar quando se ouviu do capitão que o filho seria punido se tivesse cometido algum desvio de conduta – bravo! Foi sufocado horas depois quando o capitão recuou.

Definitivamente, o novo não guarda parentesco com o desejo do Banco Central de pôr fim ao controle de movimentações financeiras de autoridades e de alguns dos seus familiares como manda a lei.

Nem com o decreto assinado pelo presidente em exercício, o general Hamilton Mourão, que amplia o número de funcionários autorizados a classificar como secretas determinadas informações.

O desejo do Banco Central poderá ser um duro golpe no combate à corrupção. O decreto do general agride a Lei de Acesso à Informação e por tabela limita a liberdade de imprensa.

Está indo pelo ralo a promessa do capitão de abrir as “caixas pretas” e de adotar a transparência como política de governo. Nada mais velho do que isso tudo que está aí até agora.

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

''Parte do jornalismo já está no bolso'',leia-se Record e SBT...
O auxílio-mudança do Bolsonaro e Eduardo é de lascar.