Folha de S. Paulo
País deveria passar longe do Conselho de
Segurança da ONU
Com a volta de Lula,
volta também o projeto de obter para o Brasil uma cadeira
permanente no Conselho de Segurança (CS) da ONU, que deu o
tom da diplomacia nacional nas gestões petistas.
Tenho uma posição bem singular nessa matéria. Sou contra um assento permanente para o Brasil. Penso que a conquista desse lugar faria bem ao ego de presidentes, ministros e hierarcas do Itamaraty, mas em nada beneficiaria o cidadão. Pelo contrário, uma cadeira no CS obrigaria o país a assumir maior protagonismo mundial, o que significaria empenhar mais recursos, financeiros e humanos, em crises externas. Também nos forçaria a tomar partido numa série de encrencas internacionais, o que quase certamente faria com que nos indispuséssemos com algumas nações.
E se o assento no CS já era um sonho de
difícil realização uma década atrás, tornou-se muito mais duvidoso agora, após
os quatro anos de Jair Bolsonaro, nos quais mostramos ao mundo um chanceler que
se orgulhava de transformar o Brasil num pária entre as nações, em que
queimamos um bom pedaço da Amazônia afirmando
tratar-se de ato de soberania e em que nos
inscrevemos em clubes reacionários, como o "Consenso de Genebra", que
combate o direito ao aborto. Basicamente, o Brasil deu sinais
inequívocos de que não é uma democracia suficientemente estável para integrar o
CS. Eu ao menos, como cidadão do mundo, não gostaria de ver a ONU codirigida
por uma nação que faz o que o Brasil fez.
Mas os EUA,
sob Trump,
também fizeram gestos comparáveis e de muito maior alcance, lembrará o leitor
participante. Verdade. O problema é que um sistema de governança global sem os
EUA, a maior superpotência do planeta, não vale um dólar furado, enquanto a
presença do Brasil é no máximo um opcional.
Meu ponto é que não há nada de errado em
ser uma nação "low profile", que não busca estar no centro do palco,
preferindo atuar menos e com mais discrição.
7 comentários:
Perfeito.
Assino embaixo.
Um acento no Conselho de Segurança é um direito do Brasil. Porque o Brasil faz parte do grupo de países que derrotaram o nazismo. O Brasil participou por meio da FEB na Itália. E a função do Brasil não será se meter em encrencas internacionais mas contribuir com uma postura democrática e pacífica. A ideia do Clube da Paz de Lula é excelente. Só que não deve se limitar ao problema da Ucrânia e sim um movimento global por um governo mundial de orientação pacífica, democrática, socializante e ecológica. Nações e forças armadas nacionais é coisa de bárbaro.
Assento de Pirro.
Minha posição é que o Brasil, no máximo, seja árbitro de problemas em nosso continente, Oriente Médio, distância, África, ajuda humanitária, Ucrânia, condenar a invasão e só.
O ideal seria nenhuma mulher no mundo,os homens também,sequer pensasse em aborto.
Vamos ver agora o tal “clube da paz” quando a Rússia acaba de sair do acordo nuclear com os EUA, significa que pode continuar se armando e rearmando de mísseis nucleares. Será que nosso novo presidente terá “lastro” para reverter isto???
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