DEU EM O GLOBO
A Executiva do PSB anunciou que retira a pré-candidatura presidencial de Ciro Gomes para apoiar Dilma Rousseff (PT). E já cobrou alianças nos palanques regionais.
PSB troca Ciro por Dilma e Lula
Deputado reage dizendo que "ao Rei tudo, menos a honra" e que decisão "foi erro tático"
Gerson Camarotti
BRASÍLIA Como queria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional do PSB retirou ontem a pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência e sinalizou apoio à campanha da petista Dilma Rousseff. Contrariado, Ciro sequer participou da reunião de seu partido. Agora os socialistas vão cobrar, como contrapartida, que Lula e Dilma subam nos palanques de seus 11 candidatos a governos estaduais. A formalização do apoio a Dilma será em meados de maio.
No Planalto e no PT, porém, a avaliação é a de que a retirada da candidatura de Ciro demorou e que estragos já foram feitos no palanque de Dilma. Diante disso, os petistas não estão dispostos a ceder muito nos estados.
À noite, Ciro divulgou nota com o título “Ao Rei tudo, menos a honra”, dizendo que a decisão do PSB “foi um erro tático”. Ainda ontem à noite, o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), viajou para o Rio com outros integrantes da Executiva para um encontro com Ciro, num gesto simbólico de consideração ao deputado.
A Executiva do partido reprovou por 21 votos a dois a candidatura própria à Presidência.
Dos 27 diretórios regionais, 20 ficaram contrários à candidatura de Ciro.
— Ciro tem estilo franco. Em todos os momentos disse que vai respeitar a decisão do partido.
Por tudo o que tem dito, não tenho dúvida que seguirá o caminho do PSB — disse Campos.
“Uma deserção de nossos deveres para com o país"
Na nota em seu blog, Ciro disse que é hora de aceitar a decisão e controlar a tristeza: “Acho um erro tático em relação ao melhor interesse do partido e uma deserção de nossos deveres para com o país. Não é hora mais, entretanto, de repetir os argumentos (...). É hora de aceitar a decisão da direção partidária. É hora de controlar a tristeza de ver assim interrompida uma vida pública de mais de 30 anos dedicada ao Brasil e aos brasileiros e concentrar-me no que importa: o futuro de nosso país!”, escreveu Ciro, deixando claro que não deve ter engajamento forte na campanha. Agradeceu ao povo cearense e aos anônimos que o apoiaram.
Para o comando da campanha petista, o PSB cometeu erros. O ideal é que a candidatura de Ciro tivesse sido retirada pacificamente entre dezembro e janeiro, como ocorreu no PSDB, com a pré-candidatura do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG).
— Vamos ao Rio explicitar o prestígio de Ciro.
Queremos preservar o Ciro em todos os sentidos.
Ninguém vai pedir para ele se empenhar na campanha da Dilma. Vamos pedir para ele ajudar na construção do partido — disse o vice-presidente do PSB, o ex-ministro Roberto Amaral.
Campos cobrou reciprocidade de Dilma e de Lula nos estados em que o partido irá disputar contra aliados como o PT e o PMDB. Candidaturas do PSB estão isoladas em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
— Não vamos aceitar tratamento com discriminação.
O que vale para os candidatos do PT vai valer para os candidatos do PSB. O que vale para o PMDB, vai valer para o PSB. Se a decisão (de retirar a candidatura de Ciro) vai ajudar? Pode, sim! — disse Campos.
Numa ação cercada de interesses, Dilma e integrantes do governo reagiram com compreensão aos ataques de Ciro. O objetivo é garantir a presença do PSB na coligação formal de Dilma, o que acrescentaria pouco mais de um minuto ao tempo da propaganda no rádio e na TV. Os votos de Ciro no Ceará são outro alvo.
Dilma e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, foram só elogios a Ciro ontem.
— Não há uma palavra que vá desfazer o carinho e o respeito que temos por ele. Ciro é muito mais aliado do que muitos que elogiam. O carinho que o presidente Lula tem por ele é enorme — disse Carvalho.
— É um cara que respeito, um ser humano com qualidades — disse Dilma.
O presidente da Câmara e do PMDB, Michel Temer (SP), chamado por Ciro de “chefe da turma de pouco escrúpulo” do PMDB, ironizou: — Temos de compreender o estado emocional dele.
A Executiva do PSB anunciou que retira a pré-candidatura presidencial de Ciro Gomes para apoiar Dilma Rousseff (PT). E já cobrou alianças nos palanques regionais.
PSB troca Ciro por Dilma e Lula
Deputado reage dizendo que "ao Rei tudo, menos a honra" e que decisão "foi erro tático"
Gerson Camarotti
BRASÍLIA Como queria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional do PSB retirou ontem a pré-candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência e sinalizou apoio à campanha da petista Dilma Rousseff. Contrariado, Ciro sequer participou da reunião de seu partido. Agora os socialistas vão cobrar, como contrapartida, que Lula e Dilma subam nos palanques de seus 11 candidatos a governos estaduais. A formalização do apoio a Dilma será em meados de maio.
No Planalto e no PT, porém, a avaliação é a de que a retirada da candidatura de Ciro demorou e que estragos já foram feitos no palanque de Dilma. Diante disso, os petistas não estão dispostos a ceder muito nos estados.
À noite, Ciro divulgou nota com o título “Ao Rei tudo, menos a honra”, dizendo que a decisão do PSB “foi um erro tático”. Ainda ontem à noite, o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), viajou para o Rio com outros integrantes da Executiva para um encontro com Ciro, num gesto simbólico de consideração ao deputado.
A Executiva do partido reprovou por 21 votos a dois a candidatura própria à Presidência.
Dos 27 diretórios regionais, 20 ficaram contrários à candidatura de Ciro.
— Ciro tem estilo franco. Em todos os momentos disse que vai respeitar a decisão do partido.
Por tudo o que tem dito, não tenho dúvida que seguirá o caminho do PSB — disse Campos.
“Uma deserção de nossos deveres para com o país"
Na nota em seu blog, Ciro disse que é hora de aceitar a decisão e controlar a tristeza: “Acho um erro tático em relação ao melhor interesse do partido e uma deserção de nossos deveres para com o país. Não é hora mais, entretanto, de repetir os argumentos (...). É hora de aceitar a decisão da direção partidária. É hora de controlar a tristeza de ver assim interrompida uma vida pública de mais de 30 anos dedicada ao Brasil e aos brasileiros e concentrar-me no que importa: o futuro de nosso país!”, escreveu Ciro, deixando claro que não deve ter engajamento forte na campanha. Agradeceu ao povo cearense e aos anônimos que o apoiaram.
Para o comando da campanha petista, o PSB cometeu erros. O ideal é que a candidatura de Ciro tivesse sido retirada pacificamente entre dezembro e janeiro, como ocorreu no PSDB, com a pré-candidatura do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG).
— Vamos ao Rio explicitar o prestígio de Ciro.
Queremos preservar o Ciro em todos os sentidos.
Ninguém vai pedir para ele se empenhar na campanha da Dilma. Vamos pedir para ele ajudar na construção do partido — disse o vice-presidente do PSB, o ex-ministro Roberto Amaral.
Campos cobrou reciprocidade de Dilma e de Lula nos estados em que o partido irá disputar contra aliados como o PT e o PMDB. Candidaturas do PSB estão isoladas em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
— Não vamos aceitar tratamento com discriminação.
O que vale para os candidatos do PT vai valer para os candidatos do PSB. O que vale para o PMDB, vai valer para o PSB. Se a decisão (de retirar a candidatura de Ciro) vai ajudar? Pode, sim! — disse Campos.
Numa ação cercada de interesses, Dilma e integrantes do governo reagiram com compreensão aos ataques de Ciro. O objetivo é garantir a presença do PSB na coligação formal de Dilma, o que acrescentaria pouco mais de um minuto ao tempo da propaganda no rádio e na TV. Os votos de Ciro no Ceará são outro alvo.
Dilma e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, foram só elogios a Ciro ontem.
— Não há uma palavra que vá desfazer o carinho e o respeito que temos por ele. Ciro é muito mais aliado do que muitos que elogiam. O carinho que o presidente Lula tem por ele é enorme — disse Carvalho.
— É um cara que respeito, um ser humano com qualidades — disse Dilma.
O presidente da Câmara e do PMDB, Michel Temer (SP), chamado por Ciro de “chefe da turma de pouco escrúpulo” do PMDB, ironizou: — Temos de compreender o estado emocional dele.
Temos de ser condescendentes.
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