DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - O PMDB não aceita que os nomes pemedebistas cotados para assumir a Saúde e a Defesa no governo Dilma sejam incluídos na cota do PMDB. Há, pois, uma briga do PMDB contra o PMDB, uma disputa entre "a cosa nostra" e os agregados do partido. Uma minicrise do governo contra si mesmo, a ser arbitrada pela presidente eleita.
Este episódio serve para ilustrar o artigo que Marcos Nobre, professor de filosofia da Unicamp e pesquisador do Cebrap, publica na revista "Piauí" que circula hoje. Chama-se "O Fim da Polarização", com o subtítulo "nem petistas nem tucanos: o pemedebismo no poder".
O autor sustenta que, sob Dilma, "o jogo político não vai se dar entre situação e oposição, mas entre a crise de um sistema organizado em polos e a pemedebização".
O essencial não estaria na disputa PT x PSDB, mas neste centrão político que se aglutinou ao redor de Lula. Ele agora assumiu tal proporção que tende a tornar irrelevante a atuação da oposição, mas também tem dificuldades para administrar o seu próprio gigantismo e os interesses conflitantes em seu interior.
O texto, porém, deve ficar marcado como a primeira tentativa de contestar as conclusões de André Singer a respeito do lulismo. Num ensaio já célebre, Singer identificou a mudança da base eleitoral de Lula entre 2002 e 2006 e concluiu que o povão que o elegeu tem perfil conservador ("deseja distribuição de renda sem radicalização política").
Nobre acusa o autor de reduzir "a política ao reflexo de uma população que compra e consome" e rejeita aproximação entre Lula e Getúlio Vargas feita pelo colega. Rechaça, por fim, o paralelo entre o atual momento brasileiro e a ascensão da classe média norte-americana nos anos 1930: "Um vai e vem entre New Deal, Lula e o Estado Novo nem de longe pode ser considerado uma operação inofensiva".
Nos três casos, o que Nobre cobra de Singer é a análise do processo político brasileiro recente. O debate sobre o lulismo está só no início.
SÃO PAULO - O PMDB não aceita que os nomes pemedebistas cotados para assumir a Saúde e a Defesa no governo Dilma sejam incluídos na cota do PMDB. Há, pois, uma briga do PMDB contra o PMDB, uma disputa entre "a cosa nostra" e os agregados do partido. Uma minicrise do governo contra si mesmo, a ser arbitrada pela presidente eleita.
Este episódio serve para ilustrar o artigo que Marcos Nobre, professor de filosofia da Unicamp e pesquisador do Cebrap, publica na revista "Piauí" que circula hoje. Chama-se "O Fim da Polarização", com o subtítulo "nem petistas nem tucanos: o pemedebismo no poder".
O autor sustenta que, sob Dilma, "o jogo político não vai se dar entre situação e oposição, mas entre a crise de um sistema organizado em polos e a pemedebização".
O essencial não estaria na disputa PT x PSDB, mas neste centrão político que se aglutinou ao redor de Lula. Ele agora assumiu tal proporção que tende a tornar irrelevante a atuação da oposição, mas também tem dificuldades para administrar o seu próprio gigantismo e os interesses conflitantes em seu interior.
O texto, porém, deve ficar marcado como a primeira tentativa de contestar as conclusões de André Singer a respeito do lulismo. Num ensaio já célebre, Singer identificou a mudança da base eleitoral de Lula entre 2002 e 2006 e concluiu que o povão que o elegeu tem perfil conservador ("deseja distribuição de renda sem radicalização política").
Nobre acusa o autor de reduzir "a política ao reflexo de uma população que compra e consome" e rejeita aproximação entre Lula e Getúlio Vargas feita pelo colega. Rechaça, por fim, o paralelo entre o atual momento brasileiro e a ascensão da classe média norte-americana nos anos 1930: "Um vai e vem entre New Deal, Lula e o Estado Novo nem de longe pode ser considerado uma operação inofensiva".
Nos três casos, o que Nobre cobra de Singer é a análise do processo político brasileiro recente. O debate sobre o lulismo está só no início.
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