Reportagem da revista Época aponta, com base em processo que está na Justiça Federal, que o governador, então diretor da Anvisa, teria tentado livrar policial de punição por desvio no Ministério do Esporte. Agnelo diz que as acusações são velhas, usadas por adversários políticos na campanha, e reafirma que seu nome nem sequer consta no processo.
Denúncias ligam Agnelo a policial
Reportagem aponta suposta relação entre o governador e o PM João Dias, pivô do escândalo que culminou na queda de Orlando Silva.
Paulo de Tarso Lyra
Três dias depois da queda do ministro do Esporte Orlando Silva, reportagens divulgadas ontem apresentam denúncias ligando outro ex-titular da pasta — o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz — a suposto esquema de desvio de recursos públicos. Na principal delas, apresentada pela revista Época, grampos telefônicos e documentos que constam em processo tramitando na 10ª Vara Federal, em Brasília, apontam suposta ligação entre o governador petista e o policial militar João Dias, pivô da denúncia que levou à exoneração de Silva.
Época mostra uma suposta interferência do atual governador, em 2010 — quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) —, na elaboração de provas que livrariam João Dias de um processo na Justiça. As ONGs do policial militar teriam recebido R$ 2,9 milhões do programa Segundo Tempo para oferecer lanches a aproximadamente 10 mil crianças carentes do Distrito Federal, mas teriam atendido apenas 160. Como o serviço não foi prestado, João Dias foi obrigado a devolver R$ 3,2 milhões aos cofres públicos.
Segundo a reportagem da revista, Agnelo teria intercedido junto ao diretor da regional de ensino de Sobradinho, professor Roldão Sales de Lima, para que ele conseguisse documentos capazes de provar que Dias empregara os recursos recebidos para administrar o Segundo Tempo. As duas ONGs presididas por Dias — a Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak) e a Associação João Dias de Kung Fu — têm sede na cidade onde Roldão era diretor regional de ensino.
Ainda segundo a revista Época, a Polícia Civil, com base nas conversas telefônicas gravadas, seguiu Dias e Roldão de Lima até o local onde os dois combinaram a entrega dos possíveis documentos. Mas uma perícia feita pela Polícia Federal no material mostrou a existência de documentos "inidôneos". Com isso, Dias e outras quatro pessoas acabaram sendo presas, acusadas de desviar recursos públicos do ministério, de acordo com a revista. O inquérito, que será encaminhado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) — foro na qual governadores são investigados — aponta que o esquema desviou pelo menos R$ 2 milhões.
A revista Veja, por sua vez, ressaltou a briga política entre o PT e o PMDB que permeou a troca de Orlando Silva por Aldo Rebelo no comando do Ministério. Os comunistas teriam ameaçado envolver diretamente o governador nas denúncias caso perdessem a pasta para outra legenda.
A presidente Dilma Rousseff chegou a cogitar transferir o PCdoB para o Ministério da Cultura, levando em conta o tamanho da bancada — apenas 13 deputados. Mudou de ideia diante das ameaças e manteve o partido como gestor da Copa de 2014.
Já a revista Isto É apresentou um depoimento em vídeo gravado por Geraldo Nascimento de Andrade tanto para a Polícia Civil quanto para o Ministério Público. No vídeo, ele aponta o governador como o responsável pela montage, quando ministro — de 2003 e 2006—, o organograma com as ONGS supostamente beneficiadas com recursos da pasta
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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