Polícia Federal e Ministério Público não precisam nem devem igualar-se à guarda pretoriana do PT
Hoje governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz escapou de uma investigação antes de eleito, mas ficou a dívida. Agora convertida em uma contribuição a mais, e forte, para os dois motivos que tornam injustificável a exclusão de Agnelo Queiroz, já engrenada, de investigações sérias sobre a bandalheira de que o Ministério do Esporte está acusado.
A primeira trama para desvio de verba pública, por meio do programa Segundo Tempo, é de seu período como ministro, e os indícios a respeito, como outros mais, foram abafados. Mas não apagados.
Nos seus mandatos de deputado, Agnelo Queiroz distinguiu-se pela vigilância que o levou a denunciar, e às vezes invalidar, improbidades em diferentes áreas governamentais, em especial no governo Fernando Henrique.
Não eram necessárias mais razões para que fosse a pessoa procurada por Durval Barbosa para ver e dar o uso apropriado aos vídeos do então governador José Roberto Arruda, e de vários outros políticos brasilienses, apropriando-se de pacotaços de dinheiro.
Por motivos nunca explicados, Agnelo Queiroz guardou segredo absoluto sobre as provas que lhe foram dadas da quadrilha em ação no governo do Distrito Federal.
Sua mínima obrigação política era proporcionar ao eleitorado brasiliense o conhecimento dos fatos. E, por exigência legal, levar ao ministro da Justiça ou à Polícia Federal as informações e os registros que recebera.
Tudo, ou o que é tido como tudo, mais tarde foi repassado à PF pelo próprio Durval Barbosa, autor das gravações. E deu-se o escândalo que derrubou e levou para a cadeia José Roberto Arruda, até o recente caso da deputada Jaqueline Roriz.
Já se vê que Agnelo Queiroz é hábil em esconder-se atrás da pilastra. Originário do PC do B, que é a organização manipuladora do Ministério do Esporte, Agnelo Queiroz adicionou a essa habilidade a proteção do PT, para o qual se transferiu. Proteção eficiente, como seu sucessor Orlando Silva, ainda filiado ao PC do B, já sentiu ao negar no Congresso as acusações que o põem no cadafalso.
Mas a Polícia Federal e o Ministério Público não precisam nem devem igualar-se à guarda pretoriana do PT.
Em se tratando de precedente tão sugestivo quanto relegado, não se precisa dispor de mais do que a preferência do ministro Orlando Silva por pagar até sua tapioca com o cartão de crédito governamental.
Até porque as dívidas em questão não se quitam com cartões de crédito nem com pacotaços do governo do Distrito Federal ou do Ministério do Esporte.
UMA PESSOA
Enquanto os "especialistas" se ocupam em considerar quem mais ganhou na troca de prisioneiros feita por Israel e Hamas, acima deles paira a atitude do jovem Gilad Shalit. Soldado israelense preso por cinco anos nas mãos do Hamas palestino, reencontrou a liberdade com atitude alheia às circunstâncias políticas e geográficas.
Em vez de ódio racial e ressentimento, revestidos de pose vitoriosa e heroica (como muitos estariam esperando), uma figura simples e com palavras por um acordo de paz e libertação de todos os prisioneiros palestinos. Um esplêndido momento de beleza humana.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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