Raymundo Costa
BRASÍLIA - Sob pressão de intelectuais e de setores da classe artística, a ministra Ana de Hollanda (Cultura) recebeu ontem uma dupla manifestação de prestígio da presidente Dilma Rousseff. Primeiro, no fim de uma solenidade no Palácio do Planalto, Dilma cumprimentou efusivamente a ministra, de modo que a cena fosse claramente registrada pelas emissoras de televisão. Depois, mandou a ministra Helena Chagas (Comunicação Social) dizer aos jornalistas que Ana de Hollanda continua no cargo.
"A ministra Ana de Hollanda não está deixando o governo", foram as palavras de Helena Chagas, ao voltar do gabinete presidencial. Ao ser questionada se a ministra "não está" mas pode vir a sair do ministério, Chagas afirmou que todos os ministros, em algum momento, deixarão o governo. As especulações sobre a eventual saída da ministra ganharam novamente força na semana passada, após a divulgação de um manifesto assinado por intelectuais e artistas contra sua gestão na Cultura.
Essa não é a primeira vez que a ministra Ana de Hollanda é criticada por setores da área cultural. Na realidade, os ataques à ministra são recorrentes, mas ela sobreviveu a todos, até agora. Na segunda-feira, auxiliares da presidente da República admitiam que Ana poderia deixar o cargo devido à falta de interlocução da ministra com o setor e as recentes críticas de artistas e intelectuais à atual gestão do Ministério da Cultura. Dilma, segundo esses auxiliares, estaria disposta a resolver não só a situação da ministra, como também nomear o novo ministro do Trabalho antes de sua viagem à Índia, neste fim de semana próximo.
Em vez de demitir, Dilma resolveu anunciar a permanência da irmã do compositor Chico Buarque de Hollanda no governo. Também não há definição sobre a data da nomeação do novo ministro do Trabalho. O nome mais cotado é o do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que conseguiu reunir o apoio da CUT e da Força Sindical a seu nome, mas continua rejeitado pela maioria dos 27 deputados e cinco senadores do partido. Dilma pensava em nomear o deputado gaúcho Vieira da Cunha, cujo nome também sofreu vetos do partido. Ele continua no páreo. Outro candidato é Manoel Dias, secretário-geral do PDT. O problema, com a demora da nomeação, é que a divisão do PDT acaba virando um assunto de governo e em mais um elemento a alimentar um ambiente de crise no Planalto.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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