quarta-feira, 21 de março de 2012

Manifesto critica cortes na Ciência

Cientistas e empresários assinam texto; governo rebate e cobra parcerias

Demétrio Weber

BRASÍLIA. As principais entidades científicas e industriais do país divulgaram manifesto ontem criticando o corte no orçamento deste ano do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo o texto, assinado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o governo contingenciou R$ 1,5 bilhão, uma redução de 23%.

"Os repetidos cortes e contingenciamentos de recursos destinados à pesquisa científica e à inovação são incompatíveis com os recentes compromissos do governo para manter o status conquistado pelo Brasil, hoje dono da sexta maior economia do mundo e reconhecido como uma nação de liderança global", diz o texto, assinado ainda por Firjan, Fiesp e Academia Brasileira de Ciências.

Segundo o manifesto, é o segundo ano seguido em que o ministério sofre cortes. As entidades cobram da presidente Dilma Rousseff que restabeleça o valor original previsto no orçamento do ministério (R$ 6,7 bilhões).

O governo reagiu. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que até janeiro era o titular de Ciência e Tecnologia, e o atual ministro Marco Antonio Raupp cobraram mais investimentos privados na área.

- O setor privado investe muito pouco em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Por isso, quero saudar essa iniciativa. Quando eles estão colocando inovação como prioridade, é um salto extraordinário no debate e abre uma perspectiva de futuro no Brasil - disse Mercadante. - Precisamos de um manifesto dos empresários para empresários.

Segundo Raupp, o governo investiu 0,61% do PIB em ciência e inovação, em 2010, enquanto o setor privado aplicou 0,55%. Em países desenvolvidos, ocorre o inverso: no Reino Unido, a parcela de investimento do setor privado no mesmo ano foi de 0,82% do PIB, e a do governo, 0,56%.

Os ministros afirmaram que o manifesto desconsidera outros gastos do governo com o setor científico, entre eles os empréstimos a juros de 4% ao ano concedidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que deverão alcançar R$ 6 bilhões este ano.

FONTE: O GLOBO

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