O governo endureceu o tom contra os servidores federais em greve. Dilma Rousseff enfrentou protesto e vaia em Minas e disse que a prioridade é garantir emprego a quem não tem estabilidade. "Tem de olhar o que é mais importante no país, e aí atendê-lo. (...) O que o meu governo vai fazer é assegurar empregos para aquela parte da população que é a mais frágil, que não tem direito à estabilidade."
Em meio a protesto, presidente diz querer serviço público de qualidade
Sob vaias, apitos e assobios, Dilma afirma que vai assegurar empregos à população mais frágil
AGU defende corte de salário de grevistas; para sindicalista, o governo "tenta apagar fogo com gasolina"
Paulo Peixoto
Em meio a uma greve de vários setores do funcionalismo público federal, a presidente Dilma Rousseff enfrentou ontem protesto de servidores em Minas Gerais e respondeu dizendo que sua prioridade é garantir emprego a quem não tem estabilidade.
"Tem de olhar o que é mais importante no país (...). O que o meu governo vai fazer é assegurar empregos para aquela parte da população que é a mais frágil, que não tem direito à estabilidade, que sofre porque pode e esteve, muitas vezes, desempregada."
Ela fez as afirmações em Rio Pardo de Minas (a 685 km de Belo Horizonte), sem citar diretamente as greves. "Queremos todos os brasileiros empregados, ganhando os seus salários e recebendo serviços públicos de qualidade."
Durante os 12 minutos em que discursou, Dilma foi vaiada por cerca de 35 docentes, alunos e servidores de instituições federais de ensino.
Impedidos de entrar na praça portando faixas, os manifestantes retiraram dos bolsos cartazes com dizeres como "Negocia, Dilma". Entre vaias, apitos e assobios, gritavam: "Ô Dilma, a culpa é sua. A greve continua".
Fora da praça, servidores ostentavam faixas que tinham inscrições como: "Dilma, não deixe a falta de diálogo sepultar a esperança".
A onda de greves e protestos, iniciada em maio, atinge quase 30 categorias, como docentes universitários, policiais federais, auditores fiscais e policiais rodoviários.
As manifestações têm afetado universidades, portos, aeroportos e rodovias, além de serviços ao cidadão, como a emissão de passaportes.
Ontem, os servidores da PF aprovaram em assembleias pelo país a continuidade da greve, com novas operações-padrão em aeroportos como o de Cumbica (Guarulhos) para a próxima quinta-feira.
Corte de salários
Também ontem, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, disse que os reitores das universidades federais podem ser processados por improbidade administrativa por não cortarem os salários dos professores, que estão em greve há três meses.
Apesar de elevar o tom ontem, membros do governo, como o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), tem dito que há espaço para negociar. Uma proposta deve ser feita na próxima semana.
O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Federais do DF), Oton Pereira Neves, disse que ameaçar cortar salário é comum, mas que, agora, há um desgaste maior.
"O governo lança mão disso porque é um trunfo muito forte, que mexe com a estabilidade emocional da gente. A novidade é que o governo Dilma está com uma intolerância muito grande. Está indo pelo caminho errado. Tenta apagar o fogo com gasolina."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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