Em almoço com deputados do Estado, senador evitou tom de campanha para não melindrar ex-governador
Pedro Venceslau
O senador Aécio Neves (PSDB- MG) aproveitou um almoço ontem com 18 dos 22 deputados estaduais paulistas do partido, em São Paulo, para fazer um gesto de reaproximação com o ex- governador José Serra (SP). Em¬bora o mineiro tenha apoio de quase toda a cúpula tucana para ser o candidato da sigla ao Planalto em 2014, Serra disse que poderia disputar a indicação.
Aécio evitou transformar o encontro em demonstração de força, apesar do apoio declara¬do da maioria da bancada. No último fim de semana, em Barretos (SP), o senador fez discurso de candidato e foi recebido com fogos de artifício. "Eu e o Serra temos mais convergências do que divergências. Ele tem um papel vital no encerramento do ciclo do PT (no governo federal). Tenho respeito por ele", afirmou o mineiro.
Em seguida, Aécio exagerou na amizade ao afirmar que visita o ex-governador "quase todas as vezes" quem vem ao Estado. Uma equipe do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes, deixou o convidado constrangido ao afirmar que os dois tucanos "se odeiam". "Existe uma mística como se o Serra fosse meu adversário", respondeu. "O PSDB não pode prescindir de nenhum de seus membros. O nosso adversário não está dentro do PSDB."
Durante o almoço, que ocorreu na ala reservada de uma cantina nos Jardins e reuniu pelo menos 30 pessoas, os deputados tucanos se dividiram. Parla¬mentares próximos ao secretá¬rio de Energia de São Paulo, José Aníbal (que não foi convidado, mas apareceu de surpresa), discursaram de forma inflama¬da em defesa da candidatura presidencial de Aécio e rejeitaram a ideia de realizar prévias.
"Província". Para o ex-deputado estadual Milton Flávio, presidente do PSDB paulistano, a candidatura de Aécio Neves em 2014 "extrapola os limites da província de São Paulo". Segundo o dirigente, a oficialização da candidatura do senador é apenas uma "burocracia".
Outros, como o deputado estadual Orlando Morando, preferiram medir palavras para não melindrar Serra. "Defendi as prévias porque é uma forma justa e equilibrada para definir o candidato do partido", disse.
Aliados do ex-governador reclamam do tratamento dado a Serra e dizem que Aécio Neves está usando o cargo de presiden¬te nacional do PSDB para "passar um trator" na base dos tuca¬nos paulistas.
Colaborou Ricardo Chapola
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário