2014 é um ano importante para o Brasil pelo fato de que temos eleições para a Presidência da República e governadores de estado. Bem como para renovar o Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado, além das assembleias Estaduais. A pergunta mais importante certamente será como as manifestações de junho de 2013 irão se refletir em todo este debate. De certo modo, os governantes respiram aliviados por julgar que de junho de 2013 até outubro de 2014 as demandas das manifestações podem ser equacionadas.
Com isso, os danos eleitorais registrados nas pesquisas de intenções de voto estariam sendo mitigados. E tudo voltaria a “normalidade”. Entretanto, essa lógica primária esconde o fato de que, nos próximos meses, as ruas poderão ser palco de novas manifestações. Caso estas venham a ocorrer, o que seria muito saudável, devemos nos esforçar para que as bandeiras sócio-ambientais estejam presentes. Lutar por mobilidade urbana significa melhor transporte público, menos poluição e mais saúde para todos.
Combater o aquecimento global traz menos desastres naturais e mais esperança para as futuras gerações. Defender a onça pintada traz mais vida às nossas florestas. Fim dos lixões, mais reciclagem e inclusão social. Enfim, o ambientalismo é portador de mensagens essenciais na agenda de 2014, exigindo, antes de tudo, novas práticas políticas associadas a uma mentalidade que seja capaz de incorporar novas éticas e preocupações.
Aplicando-se essas idéias nas negociações internacionais, temos que lembrar que decisões muito importantes foram deixadas para 2015, o que significa que deverão ser amadurecidas certamente no próximo ano:um novo tratado internacional no campo da Convenção Quadro das Nações sobre Mudanças do Clima; a consolidação do IPBES – Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos; a definição dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, enfim, um repertório grande que exige flexibilidade em termos de negociação e criatividade para se avançar nos conteúdos específicos.
Em relação à agenda doméstica, é importante que a sociedade civil tenha a capacidade de se articular e de formular propostas inovadoras que possam exigir compromissos efetivos dos candidatos a cargos executivos, mas abrangendo, também, os futuros integrantes do legislativo. Estes têm como grandes financiadores o setor empresarial, o que significa, na prática, “rabo preso” com muitos interesses contrários a temas hoje fundamentais.
Apenas a título de exemplo, no relatório “Now for the long term — the report of the Oxford Martin Commission for future generations”, há uma menção sobre o extraordinário poder da indústria alimentícia no mundo que, segundo o relatório, é infinitamente maior daquele representado pela indústria do cigarro ao longo dos anos. Com isso, muitas causas ficam fragilizadas.
Como combater a obesidade pelo uso de regulação se a indústria alimentícia tem um papel relevante no financiamento de campanhas? Perder a oportunidade que as campanhas eleitorais trazem no debate de questões importantes representa um sério risco à democracia.
Fonte: Brasil Econômico
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