Levantamento mostra "assustador" desconhecimento do recifense sobre o tema, levantado por Dilma após manifestações
Quase 60% dos eleitores do Recife não sabem o que é reforma política, e entre os que dizem conhecer o assunto, a maioria (45,5%) não acredita que ela será implementada pelo Congresso Nacional.
As informações estão em uma pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio. Segundo o levantamento, apenas 36,4% dos entrevistados sabem o significado da reforma e, ainda assim, 72,8% deles consideram o tema complexo.
Das 624 pessoas entrevistadas, 68,1% também disseram não saber o que é plebiscito. E um percentual ainda maior, 79,1%, declarou desconhecer o significado de referendo. Apesar de tudo, a pesquisa mostrou que 91,2% dos que afirmaram saber o que é reforma política consideram hoje o assunto prioritário no Brasil.
"Impressiona a quantidade de pessoas que desconhecem o assunto", disse um dos coordenadores do Instituto Maurício de Nassau, o economista Maurício Romão. "São percentuais assustadores, que mostram uma população alheia ao debate por falta de conhecimento sobre o tema", declarou.
A pesquisa revelou ainda que 69,6% dos consultados querem que o voto deixe de ser obrigatório e que 45,1% acham que as pessoas devem ser candidatas sem precisar estar filiadas a um partido político. Apenas 37,4% discordaram disso, e 17,5% não souberam ou não responderam.
O levantamento mostrou também que quase 90% dos eleitores do Recife são favoráveis à criação de meios que possibilitem a interrupção dos mandatos de vereadores, deputados, governadores e presidentes que não exercerem seus cargos corretamente. A tese é aceita por 89,5% dos entrevistados, no caso de envolver legisladores, e por 88,7% quando se trata de representantes do Executivo.
Reeleição
Ponto polêmico em discussão na reforma política, a tese da reeleição também divide a opinião dos recifenses. Mas a maioria deles concorda que os políticos têm direito a disputar um novo mandato consecutivo, sendo que o apoio é maior para quem exerce um mandato no Poder Executivo.
Segundo o Instituto Maurício de Nassau, 56,9% aceitam que prefeitos, governadores e presidentes sejam reeleitos - apoio que cai para 47% no caso de vereadores e deputados. Esses, na opinião de 65%, dos entrevistados, não deveriam ter o direito de disputar eleições inúmeras vezes.
Questionados sobre qual seria o conselho que dariam aos deputados federais brasileiros, 29,1% disseram: "Sejam mais honestos." Outros 12% pediram que "trabalhem" e 7,3% que "respeitem o povo". Se o conselho fosse dirigido à presidente Dilma, os entrevistados pediriam a ela que "melhore seu governo/trabalhe" (9,4%). Para 8,5%, "renuncie" seria o melhor recado.
"Os números reafirmam o descrédito atual da classe política", disse Maurício Romão. "Mostram também que o governo federal errou ao interpretar as manifestações de rua como um pedido pela reforma política. As pessoas querem a afirmação da cidadania, a mudança de conduta pessoal dos políticos, e não uma simples mudança das leis", analisou o economista.
A pesquisa foi realizada nos 8 e 9 de julho. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro estimada é de 4 pontos percentuais para mais ou menos.
O tema como reflexo das manifestações
Entre os 36,4% dos recifenses ouvidos pelo IPMN/JC que dizem saber o que é reforma política, a maioria (29,1%) atribui aos protestos volta do tema à pauta
A pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau, em parceria com o JC, mostrou que para 29,1% dos eleitores recifenses, a reforma política só voltou a ser discutida devido à onda de protestos que mobilizou milhões de pessoas em todo o País.
O levantamento, que nessa pergunta utilizou como universo apenas os entrevistados que afirmaram saber o que é a reforma - 36,4% -, apontou em segundo lugar a corrupção (16,4%) como motivo para a volta do tema ao debate. A inflação veio em seguida, com 10%, seguido da "insatisfação", com 9,1% das citações.
Para 75,7% dos consultados, o tema em discussão conta com o apoio da presidente Dilma Rousseff, que, na opinião de 90,7%, ela deve se envolver diretamente nesse debate.
A pesquisa revelou ainda altos percentuais de desconhecimento dos temas ligados à reforma política, como o financiamento público de campanha, desconhecido por 55,8% das pessoas ouvidas pelo instituto. Dos 41,1% que afirmaram conhecer o assunto, 55,2% declararam discordar plenamente dele.
O desconhecimento sobre o voto distrital misto foi ainda maior. De acordo com o levantamento, 84,1% disseram não saber do que se tratava. Apenas 9,3% declararam conhecer o assunto, e 51,8% deles concordaram plenamente com o sistema.
Já 78,5% revelaram desconhecer o que é o voto distrital. Dos 15,7% que conhece este sistema eleitoral, 51,6% responderam que concordam plenamente.
Sobre o voto majoritário, 73% disseram não saber do que se tratava. E 45,2% nunca tinham ouvido falar em suplente de senador. A maioria dos entrevistados - 48,5% - sabia da existência dele, mas não concordava com isso. Segundo a pesquisa, 61,9% dos eleitores que conhecem a figura do "reserva" rejeitam sua existência.
Há uma semana, o Senado aprovou emenda constitucional que acabou com o segundo suplente de senador e proibiu a presença de parentes na chapa. A proposta havia sido derrotada um dia antes e acabou sendo "ressuscitada" para nova votação devido à repercussão popular que provocou.
A pesquisa do IPMN ouviu 624 eleitores recifenses, entre os dias 8 e 9 de julho. A margem de erro é de 4%, para mais ou menos. O nível de confiança é de 95%.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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