Políticos sem grande rodagem nas urnas podem ser alçados para garantir apoio regional ao senador Aécio Neves
Secretário-geral dos tucanos diz que nenhum partido se firma sem lançar candidatos próprios
Felipe Bächtold
PORTO ALEGRE - A concorrência com o PSB de Eduardo Campos e a simples falta de opções levaram o PSDB a articular o lançamento de uma série de candidatos coadjuvantes a governos estaduais nestas eleições.
Ex-prefeitos, deputados e ex-secretários, todos eles sem grande rodagem nas urnas e considerados azarões, podem ser alçados para garantir palanques regionais ao senador Aécio Neves (MG) na campanha para presidente.
Na eleição de 2010, a polarização entre petistas e tucanos em diversos Estados facilitava a formação das chapas.
Naquela época, a terceira força da sucessão presidencial era o PV de Marina Silva, que não teve peso para lançar candidatos competitivos em quase todos os Estados.
Neste ano, a articulação regional está mais complexa.
Um exemplo é o Rio Grande do Sul. O PSB local largou na frente na disputa por uma aliança com a principal opositora ao PT, a senadora Ana Amélia Lemos (PP), que será candidata a governadora.
Sem ela, uma alternativa dos tucanos seria apoiar o PMDB para garantir um palanque gaúcho a Aécio.
Os peemedebistas locais, no entanto, ainda podem optar por um nome ligado ao vice-presidente Michel Temer, o que inviabilizaria uma união da sigla pró-Aécio.
Isolado, ao PSDB restaria recrutar um nome interno --a direção gaúcha fala em "grande chance" de ocorrer.
Situação parecida acontece no Distrito Federal. Campos e a presidente Dilma devem ter o apoio de concorrentes conhecidos --o senador Rodrigo Rollemberg e o atual governador Agnelo Queiroz.
Três pré-candidatos de menor expressão são as atuais opções dos tucanos do DF.
O secretário-geral do PSDB, Antônio Carlos Mendes Thame, diz que "não há partido que se firme" sem lançar candidatos próprios.
Para o dirigente, a exposição também ajuda a elevar os votos para a Câmara dos Deputados, que é referência na distribuição de tempo de televisão e do fundo partidário.
"Não é só um palanque na eleição para presidente, mas também um elemento forte para a formação de uma bancada. Ter um candidato a governador ajuda a ter um voto no PSDB de ponta a ponta."
Em Alagoas, ainda não há definição sobre candidatura própria. Uma possibilidade é um secretário do atual governador, o tucano Teotônio Vilela. No Espírito Santo, o pré-candidato tucano é um ex-prefeito do interior.
"Time que não joga não cria torcida. Vamos marcar posição, participar dos embates, mostrar o contraditório", diz o presidente da sigla no Estado, César Colnago.
O tempo de TV do partido --o terceiro maior-- é visto como trunfo para alavancar candidaturas regionais.
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Acre também podem ter candidatos tucanos correndo por fora na disputa.
No Rio, o partido filiou no ano passado o treinador de vôlei Bernardinho pensando em lançá-lo ao governo, estratégia que não vingou.
Em Santa Catarina, o PSDB terá candidato pela primeira vez desde 1990. Ex-aliado, o governador Raimundo Colombo trocou o DEM pelo PSD e se aproximou de Dilma.
No Nordeste, onde o partido sempre teve dificuldades nas últimas campanhas para presidente, uma solução foi reciclar nomes veteranos.
O senador paraibano Cássio Cunha Lima é pressionado pela direção nacional a novamente concorrer ao governo. O congressista governou o Estado de 2003 a 2009.
No Ceará, o antigo líder nacional tucano Tasso Jereissati foi convencido a retomar a vida pública e deve disputar o Senado. Lá, as alianças ainda estão indefinidas.
Fonte: Folha de S. Paulo
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