Estressada e cansada pelo ritmo eleitoral de suas viagens e pela troca de farpas com seus aliados no Congresso, a presidente Dilma deveria aproveitar o Carnaval para dar uma desconectada geral.
Diria que seria produtivo também refletir um pouco sobre os rumos de seu governo. Afinal, o ano vai ser cansativo. Economizar energias, evitando guerras e batalhas desnecessárias, será fundamental.
Entre amigos e interlocutores de Lula, por exemplo, há uma avaliação, correta, já transmitida inclusive à presidente Dilma, de que ela lançou excelentes ideias e programas, mas errou na sua execução.
Alguns casos. O programa de redução do elevado custo da energia elétrica no Brasil. Diagnóstico correto, medida necessária, entrave ao crescimento que ela enfrentou.
Só que adotou um caminho intervencionista, derrubou a capacidade de investir das estatais do setor elétrico e fez disparar o preço da energia elétrica no mercado livre.
Outro. A redução da elevada taxa de juros. Ela comprou uma briga com o mercado financeiro, algo que seu antecessor não teve coragem de fazer. Só que errou ao não ancorar sua acertada decisão. Com descontrole nos gastos públicos, a inflação subiu e, com ela, os juros também.
Mais. Decidiu mudar o Código de Mineração, alterando regras cartoriais no setor. Só que sua postura de não arredar pé de suas convicções impediu a aprovação do projeto. Resultado: a área está travada.
Resolveu endurecer com seus aliados no Legislativo, buscando conter o apetite fisiológico dos governistas. Corretíssimo. Mas não sabe, em troca, fazer um afago, um carinho. No fim, é obrigada a conceder boa parte do que não queria.
Fortaleceu a Petrobras, transformou-a na rainha do pré-sal, mas segurou o preço da gasolina. Resultado: derrubou seu valor nas Bolsas.
Enfim, são as virtudes presidenciais sendo neutralizadas por seus defeitos. Algo digno de reflexão.
Fonte: Folha de S. Paulo
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