Fernando Rodrigues - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A fraqueza da economia do Brasil no primeiro semestre já teve o seu impacto na cabeça dos eleitores-consumidores nos últimos meses. Impediu que Dilma Rousseff melhorasse sua posição nas pesquisas de intenção de voto, apesar de o governo ter feito uma grande ofensiva de marketing em abril, maio e junho.
O resultado do PIB divulgado ontem é ruim para o governo. O dado ajudará a compor a fotografia negativa e pessimista sobre a capacidade de gestão da petista Dilma Rousseff.
Mas o fato é que dificilmente um eleitor, pobre ou rico, que esteja pensando em votar no PT decidirá agora trocar seu voto só por conhecer o número exato do estrago na economia nos últimos meses.
As pesquisas eleitorais mostram Dilma Rousseff há algum tempo mantendo estável o apoio de um terço do eleitorado. Esse grupo vota de forma regular no PT. Não se alterou por causa do desempenho ruim do PIB no primeiro semestre de 2014.
O problema para a presidente não é o seu rebanho mais cativo de eleitores. A dificuldade da petista está em ampliar o grupo que pode ajudá-la a conseguir mais quatro anos no Planalto.
Nos programas eleitorais a partir de agora, o mau desempenho do PIB será explorado pelos adversários de Dilma. Vão falar sobre algo que aconteceu. A presidente tentará vender esperança para o que virá no futuro.
Nesses casos, o efeito nas urnas dependerá do sentimento real que os eleitores terão até o dia da votação, em 5 de outubro. Dilma tentará conseguir convencê-los de que tudo vai melhorar a partir de 2015.
Se a inflação ficar controlada --embora ainda num patamar alto-- e não houver grandes ruídos no desemprego, a presidente tem chances de manter seus cerca de 30% ou um pouco mais dos votos.
A dúvida é como ela conseguirá ampliar esses apoios em ambiente tão adverso, como o que será propagado pelos adversários na corrida eleitoral. O voto é sempre resultado de uma equação que mistura razão e emoção.
Os brasileiros terão de se sentir tranquilos sobre a economia e também achar que Dilma é a pessoa mais adequada para conduzir o país por mais quatro anos. Por enquanto, a presidente não tem conseguido convencer a parcela de 50% do eleitorado que é necessária para ganhar a disputa em outubro.
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