Adriano Ceolin – Veja
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor Paulo Roberto Costa afirmou que o escritório da Estre servia como base operacional do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano. Preso e apontado pela polícia como um dos operadores do esquema de corrupção na estatal, ele usava uma sala na sede da empresa. Em uma reportagem publicada em sua última edição, VEJA mostrou que Fernando Baiano conquistou a confiança de corruptos e corruptores graças aos laços fraternais com o empresário José Carlos Bumlai, amigo íntimo do ex-presidente Lula. Paulo Roberto Costa, divulgou-se na semana passada, afirmou ter recebido até 2,5 milhões de dólares da construtora Andrade Gutierrez e 1,4 milhão de reais da Estre Ambiental, especializada em coleta e tratamento de lixo. O dinheiro, segundo o delator, foi distribuído a políticos da base aliada do governo do PT.
Até janeiro de 2012, a Estre tinha como diretor de gestão o economista Juscelino Dourado. Ele chegou à empresa por intermédio de Antonio Palocci, que comandou o Ministério da Fazenda no governo Lula e a Casa Civil no primeiro mandato de Dilma. Amigo de Palocci, Dourado foi seu chefe de gabinete no Ministério da Fazenda até 2005, quando ambos foram tragados por um escândalo que envolvia parcerias suspeitas em negócios no governo. A ligação entre o ex-ministro e Juscelino Dourado é ainda mais antiga. Quando Palocci se elegeu prefeito de Ribeirão Preto, em 1992, Dourado foi escolhido para comandar a Secretaria de Governo do petista. Em 1998, após Palocci ser eleito deputado federal, o economista mudou-se para Brasília para assessorá-lo. Dois anos depois, a dupla fez o caminho de volta, quando Palocci ganhou mais uma vez a eleição em Ribeirão Preto. Nessa segunda gestão, Dourado foi alçado a chefe da Casa Civil da prefeitura - e, junto com Palocci, acusado de participar de um esquema de corrupção envolvendo a empresa de coleta de lixo Leão Ambiental. Uma das suspeitas do Ministério Público, nunca comprovadas, porém, é que ela pertencia ao PT.
Depois que a Estre comprou a Leão Ambiental, Juscelino Dourado foi nomeado diretor executivo da empresa e os negócios deslancharam - tendo a Petrobras como a principal parceira. Em outubro passado, VEJA revelou que Antonio Palocci foi citado no depoimento de Paulo Roberto Costa. Ele teria procurado o ex-diretor, em 2010, em busca de dinheiro para a campanha presidencial de Dilma Rousseff. Naquela ocasião, Palocci negou qualquer contato com o diretor da Petrobras preso. Wilson Quintella Filho, sócio majoritário da Estre Ambiental, disse a VEJA que Juscelino Dourado exerceu na empresa "função meramente de gestão e nunca se envolveu em negócios da empresa". Quintella Filho confirmou que cedeu temporariamente uma sala de sua empresa ao lobista Fernando Baiano, mas o fez sem que isso implicasse maiores contatos entre os dois. Quintella Filho negou que a Estre Ambiental tenha dado qualquer quantia em dinheiro a Paulo Roberto Costa e disse que encomendou a seus advogados a abertura de processos por difamação contra o ex-diretor da Petrobras.
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