domingo, 1 de fevereiro de 2015

Para evitar crescimento de Luiz Henrique, Renan apela até a Aécio

• Presidente tucano, entretanto, afirmou que a posição do partido é de apoiar o candidato da ala independente do PMDB

Cristiane Jungblut e Junia Gama – O Globo

BRASÍLIA - Com o crescimento da candidatura avulsa de Luis Henrique (PMDB-SC), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) tem usado as últimas horas antes da eleição para disparar ligações e ter encontros pessoais com lideranças de todos os partidos, inclusive da oposição, que já declarou apoio ao adversário.

Renan, que é o candidato ofical do partido, conversou com o senador eleito José Serra (PSDB-SP) e pediu que o "amigo" não o abandonasse nesse momento grave. Mais cedo, o senador já tinha conversado pessoalmente também com o senador Cássio Cunha Lima (PB) , que será o futuro líder do PSDB na Casa. O PSDB já avisou que está apoiando a candidatura de Luiz Henrique. O peemedebista também tenta mudar o voto do presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), e de seus liderados.

Aécio disse que não pode "obrigar ninguém" a votar em Luiz Henrique, mas declarou que a ideia é fechar a questão no encontro da bancada de 11 senadores.

- O PSDB já tem uma posição. A gente não obriga ninguém a votar, mas a posiçao do partido é de votar em Luiz Henrique. Mas tem uma decisão fechada em favor de Luiz Henrique. Não estamos lançando um candidato da oposição. Luiz Henrique é candidato da instituição - disse Aécio.

Ao chegar ao Senado, por volta das 15h, o tucano criticou a condução de Renan na votação da proposta que mudou a meta fiscal de 2014, e permitiu ao governo ter déficit no ano passado, o primeiro desde 1997.

- Quero entregar os votos do PSDB. E sempre quisemos uma candidatura do PMDB. Ele (Renan) foi muito subordinado ao Planalto. Mas claro que vou receber o presidente do Senado. O que queremos é uma proposta independente. Não estamos lançando um candidato da oposição, mas da instituição - complementou o tucano, que é o presidente nacional do partido.

No fim da tarde de hoje, Renan deixou a residência oficial do Senado e foi ao gabinete de Aécio. Mais cedo, o senador peemedebista chegou a pedir por telefone um encontro, mas como o tucano não se dispôs a ir até a sua casa, ele tomou a iniciativa de ir pessoalmente ao seu gabinete.

- Eu vou ficar aqui no meu gabinete. Os 11 senadores do PSDB vão votar fechados com o Luis Henrique. Mas não tenho problema de recebê-lo como presidente do Senado - avisou Aécio.

Renan foi surpreendido na saída do gabinete do senador tucano, e negou que a visita tenha sido um ato de "desespero", como seu adversário declarou mais cedo. Mas deixou claro que o resultado da eleição é incerto.

- Só vim fazer uma visita de cortesia ao Aécio. O resultado da eleição só saberemos quando os votos forem contados - disse Renan, ao ser questionado sobre a possibilidade de uma eleição apertada.

Votação confusa
O panorama da votação está confuso porque parlamentares dissidentes da base relutam em apoiar a candidatura de Renan. Até mesmo senadores petistas estariam dispostos a votar em Luiz Henrique. Embora a bancada do PT deva anunciar apoio ao senador, pelo menos quatro dos 13 parlamentares do partido devem votar no candidato dissidente.

Para demovê-los, o governo argumenta que sempre pôde contar com Renan em momentos de crise e na defesa dos interesses da presidente Dilma Rousseff. Luiz Henrique faz parte da ala independente do PMDB e já declarou que, se for eleito, não fará oposição direta ao governo, mas interlocutores do Palácio do Planalto não confiam neste compromisso.

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