- Folha de S. Paulo
Está difícil encontrar um otimista entre os aliados de Dilma Rousseff. Um raro exemplar da espécie pode ser localizado em São Luís, a mais de 2.000 quilômetros da capital federal. É o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).
Nesta segunda, ele recebeu a presidente para dar impulso à tal agenda positiva. Os dois inauguraram um terminal portuário e entregaram chaves do Minha Casa Minha Vida, que rasteja após um corte bilionário.
Dino diz acreditar em um cenário de estabilização política e "volta à normalidade" a médio prazo. Ele sustenta que a presidente começou a sair do buraco ao retomar as viagens, acenar para os movimentos sociais e virar o disco do discurso econômico.
"Não é torcida nem otimismo metafísico", diz o governador. "Vejo sinais positivos. O governo finalmente começou a anunciar uma agenda para sair da crise. Você não precisa falar a toda hora de corte e ajuste. Isso não mobiliza a sociedade", afirma.
Como exemplos positivos, ele cita a reação do setor exportador, após a desvalorização do real, e a promessa de mais 3 milhões de moradias populares, anunciada em São Luís.
Para Dino, a sensação de que o mandato de Dilma corre risco também tende a "reorganizar a base social do governo". "Os setores progressistas estavam afastados por causa do ajuste. Diante de uma emergência, tendem a se reaglutinar", diz.
Ele admite que as manifestações de domingo serão grandes, mas aposta num esvaziamento das ruas. "Não há vigor para sustentar uma mobilização social continuada, como ocorreu contra o Collor. Sem isso, não vejo como darem um xeque-mate no governo até setembro."
Arengada pelo governador, a plateia maranhense saudou Dilma com o coro de "Não vai ter golpe". Perguntei se ela praguejou muito contra Eduardo Cunha, o articulador do impeachment. "O Lobão estava do nosso lado o tempo todo, então ficou difícil", brincou Dino, referindo-se ao senador do PMDB.
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