Por Marina Falcão - Valor Econômico
RECIFE - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que a antecipação das eleições não está em discussão dentro do PSDB, pois depende da impugnação da chapa eleita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tucano também descartou o apoio neste momento do partido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). "A questão não está colocada neste momento no Congresso. Precisamos investigar, investigar e investigar e cumprir a Constituição", disse, após homenagem ontem no Recife ao governador Eduardo Campos, falecido há um ano.
Os dois temas dividem o PSDB. A realização de novas eleições agora frustraria os planos de Alckmin de ser candidato à presidência em 2018, já que o candidato natural do PSDB no momento seria o senador Aécio Neves, presidente da legenda.
Também no Recife, Aécio disse que não cabe ao PSDB escolher qual o melhor desfecho para a crise pela qual passa o Brasil, porque as alternativas colocadas não dependem do partido. Ele afirmou a jornalistas que "pessoalmente" tem vontade de participar das manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no domingo, mas que tem ciência da sua responsabilidade institucional como presidente do PSDB. "Estou consultando os demais dirigentes do partido para tomar uma posição essa semana".
Para Alckmin, o Brasil passa por um problema conjuntural, de falta de credibilidade, e outro estrutural, de limitação de crescimento. "O Brasil ficou caro antes de ficar rico", disse, destacando a importância das reformas política, tributária e administrativa.
O governador paulista afirmou que os problemas pelos quais passa o país são de responsabilidade do governo e não da oposição, mas defendeu que o país precisa funcionar enquanto as instituições apuram. "A tarefa hoje é preservar e gerar emprego".
Alckmin disse que é preciso "passar a limpo a roubalheira" e colocar o Brasil no rumo para crescer. "Não é possível ter 2% de PIB negativo". Parafraseando Campos, afirmou que "não se pode ter intimidade com a crise", ou seja, é preciso tomar medidas rápidas para não se acostumar com ela.
Durante seu discurso em homenagem a Campos, Alckmin, acompanhado de seu vice, Márcio França (PSB-SP), disse que o Brasil "precisa muito do PSB". Afirmou que Campos "era um homem da esperança, não do agouro e do apocalipse".
Segundo Aécio, o governo cria as maiores dificuldades porque até hoje não teve a capacidade "de fazer a mea culpa" e insiste na terceirização de responsabilidades. "Caberá ao governo e não à oposição superar a crise que ele mesmo criou". O senador afirmou ainda que o PSDB terá a "coragem necessária para apontar equívocos, com responsabilidade para compreender que existe um Brasil para sobreviver a essa aguda crise na qual o PT nos mergulhou".
Em fala comedida no palanque de homenagem a Campos, Aécio ressaltou a falta que faz hoje o ex-governador em um momento de crise. Se vivo estivesse, Campos seria palavra de cobrança e denúncia, mas de absoluta responsabilidade com o país, disse. "Governos são circunstanciais, efêmeros, passageiros, com maior ou menor tempo eles se vão, mas o Brasil não, está aí para ser construído".
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