- Folha de S. Paulo
A crise que engoliu o governo voltou a ganhar velocidade nesta quarta. Em um só dia, a presidente Dilma Rousseff sofreu quatro derrotas contundentes. Perdeu no Congresso, perdeu no Supremo Tribunal Federal e perdeu duas vezes no Tribunal de Contas da União.
O primeiro revés teve gosto de reprise. Pelo segundo dia seguido, o governo não conseguiu mobilizar um número mínimo de deputados para avaliar os vetos à pauta-bomba. A sabotagem foi articulada, de novo, pelo correntista suíço Eduardo Cunha.
Em movimento combinado com ele, partidos que se dizem aliados esvaziaram o plenário para impedir o início da sessão. O boicote teve apoio expresso dos líderes de PP, PR, PSD, que não marcaram presença para elevar a pressão por cargos.
A bancada do PMDB, que acaba de emplacar dois ministros, também deixou a presidente na mão. A ausência de 28 deputados da sigla pôs em xeque a liderança de Leonardo Picciani, que se apresentava como o novo fiador do palácio na Câmara.
Pouco depois do almoço, a crise fez escala no Supremo. O ministro Luiz Fux, nomeado por Dilma, barrou a tentativa de adiar a análise das contas do governo no TCU.
As duas últimas derrotas aconteceriam no tribunal de contas. Por unanimidade, os ministros rejeitaram pedido para afastar o relator Augusto Nardes, acusado de politizar o caso ao antecipar seu voto contra o Planalto. Em seguida, aprovaram o parecer pela rejeição das contas do governo no ano passado.
A oposição tentará usar o parecer do TCU para turbinar o impeachment, mas quem torce pela queda do governo não deve soltar fogos. Mesmo que o Congresso reprove as contas, será difícil sustentar a tese de que uma presidente pode ser cassada por fatos ocorridos em outro mandato.
De qualquer forma, as quatro derrotas desta quarta mostram que Dilma foi otimista demais ao declarar, no início do dia, que já conseguia ver alguma "luz no fim do túnel".
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