Por Fernando Taquari - Valor Econômico
SÃO PAULO - Na contramão do PSDB no Congresso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a se posicionar ontem contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em palestra para empresários, na capital paulista, o tucano enfatizou que o Brasil, assim como outros países, carece de uma "nova estrutura de comando" e que simplesmente trocar a presidente não será a alternativa adequada.
"A estrutura montada é tão antiquada que ela [Dilma] precisou mudar [a equipe]. Tem quer haver mudança na estrutura de comando, e não estou falando de impeachment. Mudar a pessoa não resolve", disse o tucano, que em nenhum momento em sua fala citou nominalmente a presidente petista.
No diagnóstico de FHC, o país passa por uma crise de legitimidade frente à fragmentação de legendas que perderam os valores do passado. "Os partidos hoje se organizam para obter um pedaço do orçamento", acrescentou.
O ex-presidente, no entanto, afirmou que o Brasil passa por um momento de avanço institucional ao ressaltar que, mesmo diante do quadro de paralisia na economia e desmoralização generalizada do sistema político, o país não vai vivenciar um golpe de Estado, como ocorreu em 1964. "Se fosse há 20 ou 30 anos, estaríamos discutindo os nomes dos generais. Hoje, o discutimos os nomes dos juízes", disse o tucano em referência aos magistrados que conduzem investigações contra políticos.
"Houve um avanço institucional. Não vai dar golpe. O que se discute é qual vai ser o resultado da decisão. Pode-se discutir se gosta ou não, mas houve um avanço", reiterou.
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