Por Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - Líder na disputa pela Presidência, nos cenários testados por institutos de pesquisa sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) deve se tornar o principal alvo de seus adversários na propaganda eleitoral, que começa hoje no rádio e na televisão. O presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, levará para o horário eleitoral os ataques que já tem feito a Bolsonaro, com o mote de que "não é à bala" que os problemas do país serão resolvidos. Também com críticas ao presidenciável do PSL, Henrique Meirelles (MDB), deve reforçar que o eleitor não pode se guiar "cego pela indignação". Alckmin terá o maior tempo para exibir suas propagandas, com 5min32s, o equivalente a 44,2% do total. Meirelles terá 1min55s. Em desvantagem, Bolsonaro terá apenas oito segundos, ou 1% do tempo.
A aposta dos adversários do candidato do PSL são as inserções, exibidas ao longo da programação e que pegam o eleitor desprevenido. Alckmin terá 434 e Meirelles, 151, até o primeiro turno. Bolsonaro terá 11.
A propaganda eleitoral no rádio e na televisão terá duração de 35 dias, dez dias a menos do que nas disputas passadas, e terminará em 4 de outubro, três dias antes do primeiro turno. Com exceção dos domingos, serão veiculados dois blocos diários, pela manhã e à noite, com 25 minutos cada. Hoje, na estreia dos programas, estarão os candidatos a governador, Senado e deputado estadual ou distrital. Amanhã será a vez dos candidatos à Presidência e a deputado federal. No total, serão 15 programas para cada cargo.
Alckmin espera reverter a desvantagem nas pesquisas com o horário eleitoral, para tentar ir para o segundo turno. A campanha tucana divulgou vídeo com ataques a Bolsonaro, em que um projétil destrói objetos que representam problemas do país, como o analfabetismo, e quase atinge a cabeça de uma criança. A ideia é criticar o porte de armas.
Bolsonaro tem investido nas redes sociais e nas propagandas do TV e rádio chamará o eleitor para o Facebook e YouTube. A candidatura pretende também investir em pedidos de direito de resposta para usar o tempo dos adversários. Para tentar atrair o eleitorado feminino, o candidato deve defender a "família" e exibir a filha de sete anos. O próprio presidenciável, no entanto, fez piada sobre a menina, em palestra, em 2017, ao contar que tem cinco filhos. "Foram quatro homens, aí no quinto dei uma fraquejada e veio mulher".
Líder nas pesquisas com Lula, o PT usará a propaganda para colar a imagem do ex-presidente à de Fernando Haddad, vice na chapa e provável candidato do partido, para facilitar a transferência de votos no futuro, quando a candidatura do ex-presidente for impugnada. Nesse caso, será exibido vídeo com o apoio de Lula a Haddad, gravado antes da prisão do ex-presidente. O partido vai explorar a nostalgia do tempo dos governos do ex-presidente e vinculará o desgaste do governo Michel Temer à candidatura Alckmin.
Marina Silva (Rede), com 2,8% do tempo de TV, também deve chamar o eleitor para as redes sociais. A candidata falará de sua origem humilde e dirá que é "mãe, mulher, negra, professora e trabalhadora". Ciro Gomes (PDT) deve marcar diferenças com PSDB e PT, mas deve evitar críticas diretas a Lula, pela popularidade do petista. O candidato reforçará a bandeira de sua campanha, de "tirar" o nome dos endividados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
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