Mais Estado, menos privatização e limites à liberdade de expressão, por meio da intervenção na mídia
Aversão “Lulinha paz e amor”, moldada por marqueteiros e que fez o candidato petista ser sensato na política econômica do primeiro mandato, podendo o país aproveitar a onda de crescimento mundial sincronizado dos anos 2000, foi aposentada no segundo mandato e desativada de vez à medida que as investigações anticorrupção avançavam.
O ex-presidente voltou ao bunker nacional-populista ao ser condenado em primeira instância, por Sergio Moro, no caso do tríplex do Guarujá. A sentença de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro, foi confirmada em segunda instância, e Lula, preso. Na sexta-feira, o programa de governo do PT para um hipotético terceiro mandato do ex-presidente foi lançado e traz de volta Lula e PT da década de 80. Carrega ideias alicerçadas na ideologia que fez o segundo governo Lula e os seis anos de Dilma empurrarem o Brasil para a maior recessão da história (mais de 7% no biênio 2015/ 16 e 14 milhões de desempregados).
Desbastado o texto de 70 páginas de previsíveis adereços politicamente corretos, fica um núcleo de propostas que retoma equívocos cometidos por Lula II e Dilma até levarem a presidente ao impeachment por crime fiscal. Citado como “golpe", por óbvio, no programa.
Há compromisso com graves recuos: voltar ao monopólio estatal no pré-sal, conter privatizações e, mais uma vez, usar estatais para ativar investimentos e “reindustrializar” o país. O grande símbolo deste tipo de política são a Sete Brasil e os rombos que a empresa provocou na Petrobras, em bancos estatais e privados, bem como em fundos de pensão de servidores públicos. No subterrâneo desta aventura, transcorreu o maior escândalo de corrupção da história do país, o petrolão.
Na Previdência, o programa admite que é necessária a convergência entre os diversos regimes (INSS, regime próprio/servidores, na União, estados e municípios). Mas transparece a aposta arriscada em que uma política econômica intervencionista reativará a economia, o emprego e a coleta de impostos, podendo-se com isso adiar a reforma. Perigosa ilusão.
No plano institucional, o Lula presidiário quer um regime algo bolivariano, com mudanças na estruturação do Supremo e outras altas Cortes, além de uma indefectível Constituinte. É o mapa do caminho que Hugo Chávez trilhou e deu no que se vê na Venezuela.
Também há no programa o nada surpreendente “novo marco regulatório da comunicação social eletrônica”, para impedir que detentores de concessões públicas e controladores das novas mídias “restrinjam o pluralismo e a diversidade”. Não falta um órgão regulador.
Este projeto é conhecido, desde o primeiro mandato de Lula, e dele resulta o estrangulamento da liberdade de expressão e de imprensa. Naquele tempo, ainda havia alguma sensatez em Brasília. Agora, existe uma tentativa de revanche de Lula e PT contra a sociedade e instituições republicanas do Estado brasileiro.
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