- O Globo
A Assembleia Legislativa do Rio aprovou a abertura de processo de impeachment contra Wilson Witzel. O governador não teve nem os votos do seu próprio partido, o PSC. Foi goleado por 69 a 0, um placar que faria inveja à seleção do Felipão.
A unanimidade indica que o ex-juiz já está com um pé fora do Palácio Guanabara. Na verdade, seu mandato começou a desmoronar antes mesmo da votação. Nas últimas duas semanas, ele perdeu seis secretários. A debandada incluiu o líder do governo na Alerj, que também votou contra o ex-aliado.
Witzel derreteu na manhã de 26 de maio, quando a Polícia Federal o acordou com um mandado de buscas. O estrago ficou completo com a revelação de que sua mulher mantinha vínculos com o maior fornecedor do estado. O empresário está preso, acusado de corrupção.
Em plena pandemia, o governador se envolveu num escândalo na saúde. Ele anunciou a construção de sete hospitais de campanha. Só entregou um, sem condições adequadas para receber pacientes.
O ex-juiz foi eleito com a promessa de limpar a política fluminense. Em pouco tempo, rasgou a bandeira da ética e loteou a máquina pública entre figuras notórias. Agora ele arrisca seguir o caminho dos cinco antecessores que foram parar na cadeia.
Witzel chegou a ser elogiado por sua política de combate ao coronavírus. Na contramão do Planalto, ele decretou medidas rígidas de isolamento social. Depois da operação da PF, afrouxou a quarentena e tentou negociar uma trégua com a família Bolsonaro. Ficou desmoralizado e não conseguiu o socorro esperado.
Ao que tudo indica, a trapalhada selou seu destino. Mesmo que consiga salvar o mandato, Witzel já perdeu.
***
Na capa do “New York Times” de ontem, uma chamada resumiu a nova imagem do Brasil: pandemia fora de controle, suspeitas sobre a família presidencial e ameaça de golpe militar. A notícia foi ilustrada com uma foto de enterro de vítima da Covid. Nesta quinta, o país deve ultrapassar as 40 mil mortes pelo coronavírus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário