Pesquisa
confere vitória a Kamala
A
senadora Kamala Harris, a vice na chapa de Joe Biden, candidato do Partido
Democrata à presidência dos Estados Unidos, é uma jiboia: pega sua presa,
prende, aperta, se enrosca nela e a tritura até o último osso. Foi o que fez,
ontem à noite, com Mike Pence, o vice de Donald Trump e candidato à reeleição.
Foi
por uma diferença de sete pontos percentuais que Biden venceu Trump no primeiro
debate entre os dois. O segundo e último debate será travado na próxima semana
se Trump puder comparecer, uma vez que se recupera do vírus que o infectou.
Pegar o vírus, segundo ele, foi “uma benção de Deus”.
Divulgada
pela rede de televisão CNN no início desta madrugada, a primeira pesquisa sobre
o debate entre Kamala e Pence apontou uma vitória da senadora pelo elástico
placar de 59% contra 38% de Pence – diferença de 21 pontos percentuais. Se não
foi um massacre, foi quase isso, e nada teve a ver com a mosca.
Por
pouco mais de dois minutos, uma mosca, certamente de origem chinesa, passeou
sobre os cabelos brancos de Pence que não passou recibo – por não tê-la visto
ou porque fingiu não vê-la. Como os americanos têm mania de dar nome a tudo,
certamente esse será conhecido no futuro como o “debate da mosca”.
Acima
de tudo, foi um debate bem educado, à moda antiga, nada que lembrasse o quase
não debate entre Trump e Biden marcado pela estupidez do presidente que
interrompeu por mais de cem vezes, durante uma hora e meia, a fala do seu
adversário, e a do mediador que tentava pôr ordem à discussão.
Pence
jogou para os eleitores cativos de Trump. Kamala, para os eleitores ainda
indecisos. Houve momentos, principalmente quando a Economia estava em cena, que
Pence foi melhor. Mas no resto, Kamala dominou o debate. Ela é carismática,
Pence não. Ela fala com a boca e o corpo, ele parece um robô programado.
A
senadora teve o cuidado de não ser agressiva, pois entre os eleitores brancos
são muitos os que acusam as mulheres negras de serem agressivas. Mas usou
palavras duras para criticar Trump e seu vice. Acusou-os de racismo e de
subestimar a pandemia que matou mais de 200 mil pessoas nos Estados Unidos.
E
repetiu duas vezes, de olho na câmera, a frase que pode ter ficado na memória
de muitos que assistiram ao debate:
–
Eles sabiam o que estava acontecendo e não lhe contaram.
Bolsonaro
detona a Lava Jato e Fux sai em socorro dela
Quem
mandou acreditar no ex-capitão...
E
agora que Jair Bolsonaro decretou o fim da Lava Jato, o que dirão os que
votaram nele por acreditar que em seu governo a Lava Jato seguiria em frente,
para o alto, e cada vez mais forte?
Opinião
é direito de todo mundo, mas fato é fato. Bolsonaro se elegeu pegando carona na
Lava Jato. Fez de Sérgio Moro, o líder da Lava Jato, seu ministro da
Justiça (fato).
Até
desentender-se com ele por tentar intervir na Polícia Federal, sempre falou bem
da Lava Jato. Para ontem, finalmente, anunciar que acabou com a Lava
Jato (fato).
Não
lhe cabe acabar com a Lava Jato. Quem pode fazê-lo é a Procuradoria-Geral da
República. Assim, o anúncio trai sua intenção de ver a Lava Jato no
buraco, mas não passa disso.
A
Procuradoria virou um puxadinho do Planalto (opinião, embora compartilhada por
grande parte dos procuradores). Augusto Aras, seu chefe, quer extinguir a Lava
Jato.
Por
que Bolsonaro virou um inimigo da Lava Jato? Porque virou um inimigo de Moro e teme que ele possa atrapalhar sua reeleição (fato). Mas não só por
isso. Tem mais.
Bolsonaro
nasceu para a política dentro do Centrão, cresceu dentro do Centrão, trocou
oito vezes de partidos, todos eles do Centrão, e chamou o Centrão para ajudá-lo
a governar. São fatos.
É
fato: o Centrão está repleto de deputados e senadores denunciados pela Lava
Jato. Os que não foram, a detestam. Bolsonaro agrada o Centrão em troca de
votos.
Quanto
ao que afirmou, que não precisa da Lava Jato porque o seu é um governo sem
corrupção, não é fato. É fake – no caso, para ver se diminui a insatisfação dos
bolsonaristas órfãos de Moro.
Trump
não teve o descaramento de proclamar nas últimas horas que contraiu o Covid-19
de tanto se expor a ele em defesa da saúde dos norte-americanos? Charlatanice
pura!
Bolsonaro
copia Trump. Mente sem receio. Falsifica fatos. Nega o impossível, porque
aposta que sempre haverá uma parcela de público disposta a lhe dar crédito. E
haverá, sim.
Sob
nova administração, a do ministro Luiz Fux que sucedeu na presidência a Dias
Toffoli, aliado de Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal decidiu dar mais um
respiro à Lava Jato.
Doravante,
caberá ao plenário, formado por 11 ministros, julgar as ações da Lava Jato, não
mais à Segunda Turma composta por apenas cinco ministros. Em Fux, Moro sempre
confiou.
Celso
de Mello, o ministro que sai, faz parte da Segunda Turma, o endereço mais
provável do novo ministro que chegará ali para votar como Bolsonaro quiser, e
depois ir beber tubaína com ele.
Fux
deu um chega pra lá em Bolsonaro, nos seus colegas Gilmar Mendes e Toffoli,
padrinhos do ministro que Bolsonaro escolheu, e fixou limites ao aparelhamento
do tribunal.
No final de maio último, Bolsonaro quis fechar o Supremo. Agora, quer dominá-lo.
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